segunda-feira, outubro 31, 2011

AINDA RESPONDENDO A UMA MENTE DOGMÁTICA. OU: OS EXCESSOS DA DEMOCRACIA SE COMBATEM COM MAIS, NÃO COM MENOS, DEMOCRACIA

E ainda tem quem defenda isso...


De vez em quando, sou obrigado a trocar idéias com cérebros ginasianos, altamente influenciáveis pela última leitura que fizeram. Estou acostumado a esse tipo de coisa desde meus tempos de professor. Lembro que alguns alunos ficavam entusiasmados com certas teorias políticas, ao ponto de querer aplicá-las imediatamente na realidade.

Os mais inteligentes logo percebiam que aquilo era uma canoa furada, e abandonavam esse projeto delirante. Outros, porém, insistiam no delírio, acreditando ingenuamente na possibilidade de ajustar o mundo ao que disse tal ou qual filósofo iluminado em tal ou qual parágrafo de sua obra magna. É uma forma preguiçosa de pensar, típica de mentes adolescentes e dogmáticas.

É o caso de um certo Diogo, que, ao que parece, deve ter acabado de ler O Leviatã, de Thomas Hobbes e, acometido da mesma sensação atordoante que geralmente se tem ao se terminar de ler o livro pela primeira vez, acredita ter encontrado o Graal. Ele está convencido de que o Estado-Leviatã é superior à democracia. Está convencido de que eleições livres, liberdade de expressão e pluralismo político são bobagens e que renunciar a essas conquistas da humanidade em nome de uma suposta proteção estatal é algo razoável. Até aqui eu consigo entender. O que não consigo entender de jeito nenhum é por que ele nega que isso seja defender o totalitarismo.

Diogo escreveu o seguinte (e começou com uma epígrafe de Platão; sabe como é: para dar mais autoridade ao que diz):

"A liberdade em excesso, portanto, não conduz a mais nada que não seja a escravatura em excesso, quer para o indivíduo, quer para o Estado". (Platão, República, 564a)

O problema com a utilização de epígrafes é que elas podem dizer qualquer coisa, dependendo da intenção de quem as utiliza. Sempre procurei ser bem cuidadoso quanto a isso. Retirada de seu contexto, uma epígrafe pode ser utilizada para justificar tudo, até o contrário do que se quer dizer. Eu, se quiser, posso interpretar a frase acima de forma alternativa, por exemplo como um alerta contra os que usam a democracia para destruí-la (os extremistas e os demagogos). No caso, o contexto é a tese do Diogo segundo a qual o a democracia seria um regime inferior, pois padeceria de um “excesso de liberdade”, que se revelaria na corrupção do governo lulopetista (um “oba-oba do caralho”, como ele diz). Conclusão: Platão estava falando do mensalão e da roubalheira no ministério dos Esportes…

Agora que aprendi que Platão, além de filósofo, tinha poderes divinatórios (e que a resposta para a corrupção é acabar com a democracia), vou tentar entender o que o Diogo diz em seguida:

O problema que coloquei, e você não entendeu, não é a liberdade, mas sim o excesso.

Sou obrigado a corrigir o leitor, já que ele não se corrige: o problema, caro Diogo, é sim a liberdade, e não seu “excesso”, como você diz: é essa a questão para Hobbes. A liberdade, para ele, é um bem a que os indivíduos renunciam em troca de segurança, em primeiro lugar. Você acha isso perfeitamente válido nos dias de hoje. Portanto, só posso concluir que a liberdade, para você, é um bem descartável, e não um direito natural e inalienável do cidadão.

Prossegue Diogo:

Você coloca as coisas numa teoria dualista que não posso concordar: se é contra a democracia, então é pró-ditadura. Ou seja, ou se é democrata, ou se é pró-ditadura.

Será que fui eu que coloquei a questão em termos dualistas, como diz o leitor? Vamos lembrar o que ele mesmo escreveu:

“Cara, não acredito na democracia”

“O grande problema, a meu ver, da democracia é sua liberdade exacerbada. Tudo pode nessa porra de governo, um oba oba do caralho!”

“Com toda a certeza o Estado Leviatã é muito melhor”

“Renunciar à liberdade em troca da proteção não é nenhum absurdo”

“O Estado tem total importância dentro da composição do cidadão”

Quem escreveu o que está aí em cima é alguém que nega ter uma visão dualista sobre a democracia. Alguém que diz não acreditar nela, pois esta padeceria de uma “liberdade excessiva” (daí a corrupção dos petralhas, nessa visão distorcida e míope), entre outras coisas. A diferença entre mim e ele é que eu acredito na democracia, e acho-a superior a todos os outros regimes. Ele acha que ditadura é melhor.

Mesmo assim, Diogo diz: “sou contra a democracia, mas não a favor da ditadura”. Sério? Conheço apenas duas alternativas possíveis à democracia: a ditadura ou a anarquia. Anarquista, já sei que Diogo não é, pois ele diz defender o Estado (e um Estado “forte”, o Estado-Leviatã). O que sobra?

Vamos colocar a questão assim: digamos que apareça alguém dizendo-se a favor da ditadura. Do que devo chamá-lo? De democrata?

Agora eu pergunto: as frases acima são de quem é a favor ou contra ditaduras?

Por que o Diogo se nega a admitir seu juizo de valor e, portanto, seu dualismo antidemocrático? Porque leu Platão (com as mesmas lentes com que leu Hobbes):

Platão, na Reública, se demonstra tanto contra a democracia quanto ao seu oposto, a tirania. Segundo seu entendimento, a tirania viria da democracia e, portanto, deveria combater as duas formas de governo.

Sim, Platão tinha um problema com a democracia grega de seu tempo – que ele culpava pela morte de seu mestre Sócrates (e que era bem diferente da democracia representativa atual, mas isso também passou despercebido ao Diogo). Ele preferia um tipo de regime aristocrático. A pergunta é: e daí? Platão tambem era a favor de um tipo de sociedade ideal dividida em castas, como na Índia. Devemos tantar "aplicar" isso também?

Embora o leitor negue, fica claro que ele enxerga na filosofia de Platão uma justificativa para regimes totalitários, como a Alemanha nazista e a URSS. Como, aliás, muitos viram, enxergando em A República uma espécie de utopia precursora do comunismo e do nazismo (e, de fato, pode-se tracar a origem filosófica do totalitarismo a esse livro seminal). Se é esse o caso, aproveito para repetir: sorry, sou pela democracia.

Diogo vai além, e, enxergando um “problema metodológico” nos exemplos que dei, recusa-se a ver qualquer relação entre o Estado hobbesiano e regimes totalitários.

De qualquer maneira, há um problema metodológico em seus exemplos. Aonde é que podemos afirmar que Khmer Vermelho, Fidel Castro ou Ditadura Stalinista são exemplo de uma aplicação prática da teoria hobbesiana? Sabemos que todos esses exemplos fogem (e muito) do que seria a aplicação da teoria hobbesiana da maneira como ele a coloca. E você, como leitor e professor de Hobbes, sabe muito bem disso!

Quando eu lecionava, fazia questão de dizer que teorias são teorias, não fórmulas mágicas que podem ser aplicadas como experimentos sociais. Onde quer que isso aconteceu, aliás, o resultado foi opressão e tirania. Com Hobbes não é diferente. Exatamente por isso, teorias são coisas perigosas, que não deveriam ficar ao alcance de cérebros juvenis: estes são incapazes de perceber a relação entre hobbesianismo e totalitarismo, por exemplo. E terminam negando o óbvio, caindo numa grande confusão.

Eu até me disporia a debater filosoficamente com gente como o Diogo, se ele não tivesse recorrido a um argumento bucéfalo. Uma das maiores lorotas que alguém já inventou é que a democracia favorece a corrupção, enquanto a ditadura a combateria. Isso ocorre porque, com a imprensa livre, os escândalos são mais divulgados, dando a impressão, nas mentes pouco cultivadas, de que se rouba mais na democracia. É um argumento bucéfalo, porque se baseia numa inexistente relação causal entre liberdade política e roubalheira. Além do mais, corresponde a dizer que os petistas, por exemplo, são os maiores democratas que existem, pois são os que mais roubam. Se, mesmo com a vigilância das instituições democráticas, esse pessoal apronta tanto, imagine o que fariam com poder absoluto e imprensa sob censura? Já pensaram se, em vez da VEJA, só tivessemos, sei lá, a Carta Capital?

De todos os motivos que se poderia ter para desprezar a democracia, a crença de que ela padeceria de um "excesso de liberdade" que favoreceria a corrupção é, de longe, o mais idiota, o menos digno de ser rebatido. Basta lembrar da frase de Lord Acton: "O poder corrompe; e o poder absoluto corrompe absolutamente".

Não, Diogo, não concordo que o grande problema da democracia seja o “excesso de liberdade”. Qualquer excesso da democracia é resolvido com mais, e não menos democracia. Do mesmo modo que qualquer virtual excesso da liberdade de imprensa é resolvido com mais, e não menos, liberdade de imprensa, como dizia Thomas Jefferson. Qualquer coisa diferente disso – censura, por exemplo – é flerte com a tirania e com o totalitarismo. Ponto final.

O engraçado é que isso tudo começou, lembrem, porque um energúmeno veio aqui e chamou o tirano Fidel Castro de "herói da humanidade", afirmando que trocaria a democracia por um prato de lentilhas...

A história é bastante conhecida, mas vale a pena repetir: certa vez, perguntaram a Winston Churchill o que ele achava da democracia. Sua resposta foi a seguinte: a democracia é o pior dos regimes politicos, excetuando todos os outros. Assino embaixo.

Enfim, assim como não é possível "derrubar" uma teoria política, não se pode "aplicá-la", ipsis literis. Quando tentaram, o resultado foi apenas terror e opressão (e aí estão Hitler e Stalin para provar). Seria bom, juntamente com a leitura, um pouco de senso crítico e de bom senso. É isso que distingue um estudioso sério de um boçal.

sábado, outubro 29, 2011

A "REVOLUÇÃO MACONHISTA" EM AÇÃO NA USP

Eis o naipe dos invasores do prédio da administração da FFLCH da USP. Notem a faixa ao lado...


Na última quinta-feira, uma turba de baderneiros e delinquentes, militontos de grupelhos de extrema-esquerda associados ao narcotráfico, atacou a PM com paus e pedras no campus da USP, a maior universidade brasileira. Motivo: os policiais tinham acabado de deter três colegas apanhados em pleno ato de queimar um baseado. Em seguida, os vagabundos invadiram o prédio da FFLCH, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, queimaram bandeiras - do Brasil e do estado de São Paulo - e estenderam cartazes pedindo a saída do reitor e da PM do campus. Uma das faixas dizia que os policiais não eram "trabaliadores" (sic), mas o "braço armados (sic) dos exploradores"...

Os delinquentes - que parte da imprensa, sei lá por quê, insiste em chamar de "estudantes" ou de "manifestantes" - acreditam que fumar maconha é parte do currículo acadêmico. Mais: que é um ato libertário e revolucionário, blá blá blá. Naturalmente, eles vêem a PM ccomo a vêem os delinquentes, e se queixam da "opressão" de que seriam vítimas: ou seja, do fato de não poderem acender um cigarrinho de artista sem ter que prestar contas à Lei por isso.

Desde maio, quando um estudante foi assassinado a tiros numa tentativa de assalto dentro do campus, há um acordo entre a reitoria da USP e a PM que concede a esta o direito - na verdade, o dever - de zelar pela segurança no local. Os "estudantes" que agora ocupam a FFLCH não levantaram um giz contra a morte brutal do colega, mas se encheram de fervor revolucionário contra a prisão de três maconheiros nas imediações das salas de aula. Ou seja: matar estudantes para roubar-lhes a carteira, pode; combater o narcotráfico e o consumo de drogas, não. É a revolução maconhista-estudantil em ação.

É inacreditável.

Um bando de desocupados acha que está acima da lei, e que tem o direito de sequestrar a universidade e de impedir, pela intimidação e pela violência, estudantes de estudarem, professores de darem aula e, agora, policiais de prenderem bandidos e combaterem o narcotráfico - e isso é visto por muitos intelectuais e jornalistas (sem falar em políticos de esquerda) como algo "normal" ou, como disse um deputado petista, um "rito de passagem" (!). Rito de passagem para o quê? Só se for para a bandidagem. Aliás, como mostram as fotos, até o visual dos narcotraficantes dos morros cariocas e da periferia os "estudantes" estão imitando. Mas há quem ache lindo jovens (ou nem tão jovens assim) atacando policiais e invadindo prédios públicos pelo sagrado direito de fumar maconha.

O fato é por demais conhecido de todos, mas, por alguma razão, quase ninguém quer tocar no assunto: as universidades brasileiras, a começar pela USP, foram tomadas por um discurso vigarista, essencialmente antidemocrático, que enxerga na defesa da Lei e da Ordem um sinal de "reacionarismo", e na agitação política - que inclui o consumo de drogas ilícitas - um gesto de rebeldia juvenil. Por trás disso estão grupelhos de extrema-esquerda que não têm absolutamente nada a ver com os interesses dos estudantes e dos professores, e que só usam as universidades como locais de agitação política para a divulgação de suas ideologias totalitárias. O mais paradoxal de tudo: geralmente, com slogans "em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade". Fascistas de esquerda, seu compromisso com a educação é nulo. Agora, mostram-se na prática aliados do narcotráfico contra a polícia, que num estado de direito é a democracia fardada. É a aliança narcótico-estudantil...

A zorra na USP reflete essa situação de indigência e de anarquia. Obviamente, a maioria dos estudantes não tem nada a ver nem se sente representada por esses maloqueiros. Estudantes de verdade não têm tempo para esse tipo de besteira: estão ocupados estudando e, em muitos casos, também trabalhando. Os revolucionários do toddyinho e dos sucrilhos que tomaram de assalto a FFLCH e querem ver a PM fora do campus não têm essas preocupações burguesas: não estudam nem trabalham, sendo sustentados por papai e mamãe. Estão lá para agitar, fazer proselitismo barato, jogar pedras na polícia - e fumar maconha.

Não por acaso, a "descriminalização da maconha", como um passo para a liberação total de qualquer substância ilícita, já constitui uma das principais bandeiras da esquerda no Brasil. Trata-se de um pretexto para fazer a "revolução", mediante a afronta à Lei e ao Estado de Direito Democrático. E nada mais do que isso. Aí estão os acontecimentos na USP para provar.

Na verdade, a maconha é a droga mais leve traficada e consumida no campus da USP. Nem de longe se compara ao efeito deletério da vulgata marxistóide e do anticapitalismo primário que passam, naquela e em quase todas as universidades do país, por "ciências humanas". Já escrevi sobre isso: as universidades públicas brasileiras, por força de décadas de hegemonia ideológica esquerdista, há muito deixaram de ser centros produtores de conhecimento e viraram verdadeiras madraçais, onde os talibãs do PCO e do PSTU deitam e rolam, muitas vezes incentivados por professores-militantes mais interessados em fazer política partidária do que em lecionar. E tudo isso estimulados por uma mitologia idiota de "rebeldia estudantil", cultivada por gente que, de tanto fumar Marx e Gramsci, acredita que ainda estamos em 1968 e que estudantes - ainda que sejam estudantes profissionais, que não estudam - são a nova classe revolucionária.

Já passou da hora de enquadrar esses filhinhos-de-papai arruaceiros e irresponsáveis. Que alguém lhes ensine, além de Português, que a Lei também é para eles e que as universidades são locais de cultura e conhecimento, e não de farra. É preciso ensinar-lhes a viver numa sociedade democrática. E, numa democracia, ninguém tem uma licença especial da sociedade para delinquir. Se os pais desses energúmenos não o fizeram, que seja a polícia, então, a lhes dar umas boas palmadas.

AINDA A TENTAÇÃO TOTALITÁRIA - RESPOSTA AO DESAFIO DE UM LEITOR

Ossos de vítimas da ditadura comunista do Khmer Vermelho no Camboja: há quem prefira isso a viver em liberdade


Um leitor, o Diogo Dias, me mandou um comentário curioso. Pegando carona em minha resposta ao anônimo sadomasoquista que afirmou que trocaria a democracia pela promessa de segurança e outras coisas sob um regime ditatorial como o de Cuba ou da Coréia do Norte, ele resolveu enveredar por um debate, digamos, filosófico. E me fez um desafio.

Por coincidência - ou, seria melhor dizer, para azar dele -, já lecionei, durante um tempo, Ciência Política. Lembro que uma das aulas mais concorridas que dei foi sobre a diferença da concepção de Estado nos três autores contratualistas - Hobbes, Locke e Rousseau. Lembro que uma aluna insistiu comigo para que eu declarasse minha preferência por um dos três autores, o que tentei o máximo possível evitar fazer. Limitei-me, pelo que me lembro, a buscar contextualizar as três teorias, da maneira mais didática possível, sendo Hobbes um autor mais ligado ao Absolutismo (o que não é inteiramente verdadeiro: ele não acreditava no direito divino dos reis, por exemplo). Locke, por sua vez, é o filósofo político do Estado liberal moderno e Rousseau, do socialismo e de suas variantes.

Diogo não parece muito preocupado com essas nuances. Em vez de se debruçar sobre elas, ele prefere fazer a apologia da visão hobbesiana, de uma forma que me parece bastante cândida, com uma sinceridade que chega a ser comovente:

Passando por esse blog, não pude deixar de notar a boa discussão que se está levantando acerca da democracia. Cara, não acredito na democracia, mas isso não me faz de esquerda. O grande problema, a meu ver, da democracia é sua liberdade exacerbada. Tudo pode nessa porra de governo, um oba oba do caralho!

O fato de alguém dizer que não acredita na democracia - e que o "grande problema" desta seria sua "liberdade exacerbada" - diz tudo. Eu nem precisaria comentar. Mesmo assim, faço algumas observações.

Em primeiro lugar, não estou "discutindo" a democracia: estou defendendo-a. Para mim, liberdade de expressão, por exemplo, não se discute nem se negocia: é uma conquista da civilização. Trata-se de defendê-la contra tentativas de jogá-la no lixo. Não "discuto" democracia, pois não discuto o direito à liberdade, que para mim é um direito natural. Seria como discutir o direito a pensar ou a respirar.

Diogo diz que não acredita na democracia. O contrário de democracia, sabemos, é ditadura. Esta pode ser de dois tipos: ou um regime autoritário ou, pior ainda, totalitário - uma forma muito mais profunda e funesta de repressão estatal (os dois exemplos conhecidos são o nazifascismo e o comunismo). Não é preciso ser de esquerda para ser antidemocrático, pois há ditaduras de direita. Mas, de qualquer modo, o leitor acabou de dizer que prefere a ditadura à democracia. Ou que acha a liberdade um luxo, sei lá. Creio que não preciso dizer o que penso a respeito.

O leitor afirmou ainda, sem qualquer base que sustente sua afirmação, a existência de uma relação causal entre uma suposta "excessiva liberdade" e a corrupção governamental. Parece ter esquecido, com isso, que é exatamente o contrário: corrupção (ou "oba-oba do caralho", como ele diz) não decorre, provém ou resulta da democracia, mas de sua total deturpação; os desmandos da quadrilha petralha no poder - decorrentes do aparelhamento políticio-ideológico do Estado - são um fator de destruição da democracia, e não sua realização. Não por acaso, os lulopetistas investem tanto contra as instituições democráticas, como a separação dos poderes e a liberdade de imprensa: é que a imprensa livre é uma barreira contra esses desmandos. É nas ditaduras que a corrupção pode florescer com mais impunidade, pois não há quem fiscalize os detentores do poder. Dizer que a roubalheira é resultante da democracia é de uma estupidez atroz; corresponde a culpar a vítima pelo crime.

Com toda a certeza o Estado Leviatã é muito melhor e isso não tem nada com ser de esquerda. Quero ver você derrubar argumentativamente a teoria hobbesiana do Estado Leviatã. Quando você escrever um artigo acadêmico que apresente bons argumentos e consiga provar estes argumentos, daí eu concordo contigo.

Alguém dizer que o Estado-Leviatã (onde o governante tem poder de vida e morte sobre os súditos, e a figura do cidadão é inexistente) seria "muito melhor", ainda por cima "com toda a certeza", é algo revelador da personalidade e da natureza de quem escreve. Nada tenho a afirmar a respeito, a não ser o fato de que sou um liberal, portanto não gostaria de viver sob o tacão de um regime todo-poderoso, com o qual eu teria uma relação de servo para com o senhor. Como escrevi antes, há quem goste de ser dominado; eu, não.

Também como já falei, defender o Leviatã estatal não é exclusividade da esquerda (aliás, falei exatamente isso no meu texto, quando lembrei que há quem suspire de saudades da ditadura militar). Quanto a derrubar argumentativamente a teoria de Hobbes, sinto desapontá-lo, leitor, mas não posso nem quero fazê-lo. Por dois motivos: 1) este não é um blog acadêmico; e 2) academicamente, é impossível "derrubar" a teoria hobbesiana, como é impossível "derrubar" a teoria de Locke ou a de Rousseau. Isso porque, assim como todas as teorias políticas, não se trata de uma teoria científica, demonstrável empiricamente: pode-se comprovar ou não, por exemplo, uma teoria sobre a gravidade ou sobre as estrelas, mas nunca, jamais, uma teoria sobre a origem e finalidade do Estado. No terreno das ciências humanas, pode-se dialogar com autores, mas não "derrubá-los". Isso só é possível nas ciências físicas ou naturais, onde há um grau razoável de certeza. Aristóteles, por exemplo, está completamente superado quanto a suas teorias científicas; mas sua filosofia continua uma referência indispensável. Compreender isso é básico.

Em outras palavras: eu posso concordar ou discordar da visão hobbesiana sobre o estado de natureza e o contrato social; posso concordar com sua visão pessimista da natureza humana e, ao mesmo tempo, apontar o que considero erros e contradições em seu pensamento político; mas daí a dizer que posso "derrubá-lo", ainda mais "argumentativamente", vai uma grande diferença. Tudo o que posso fazer, no terreno das idéias políticas, é afirmar com quais delas me identifico e explicar racionalmente por quê. Eu, por exemplo, prefiro a democracia ao Estado totalitário. Você, Diogo, prefere o totalitarismo. Prefiro a liberdade individual. Você prefere o arbítrio estatal. Ou, dito de outro modo: prefiro eleições livres e pluralismo político; você prefere censura e opressão. Qual das duas opções é mais compatível com o atual estágio da civilização? Melhor: qual dos dois regimes - o democrático ou o autocrático - é mais compatível com a felicidade humana?

Renunciar à liberdade em troca da proteção não é nenhum absurdo como pensa a mente democrata.

É sim, se se é democrata. E mesmo do ponto de vista da segurança: em geral, regimes totalitários não dão nem uma coisa nem outra. Os regimes comunistas, por exemplo, mataram 100 milhões de pessoas no século XX. Gostaria de saber que segurança houve para as vítimas.

O Estado deve dar ao cidadão segurança, saúde, educação, moradia e tudo mais que se possa esperar do Estado. Ou você vai me dizer que somos seres autônomos, que o Estado é inútil e que só deve existir para preservar a economia? Ou, seguindo suas palavras, depois dos seis anos nos libertamos do Estado e nada mais deve ser por ele garantido. Isso é pura falácia! O Estado tem total importância dentro da composição do cidadão e Hobbes sabia disso. Portanto, te desafio, de maneira argumentativa, a romper com o contrato social!

Segurança é dever do Estado, segundo a teoria liberal clássica. Quanto à saúde, educação, moradia "e tudo mais que se possa esperar" (o que seria isso?) só é dever do Estado segundo a visão rousseaniana, que deu origem ao socialismo moderno (nem Hobbes falava sobre isso, a não ser obliquamente). Gostaria de saber o que o leitor entende por "seres autônomos"; estaria ele se referindo à autonomia individual perante a sociedade e o Estado, defendida por Locke e J.S. Mill? Nesse caso, estou de acordo com eles: o fato de o Estado prover segurança, justiça e defesa nacional (suas três funções clássicas, ou "mínimas" - que curiosamente, o mastodôntico Estado brasileiro não cumpre direito, como quase tudo o mais) não retira do cidadão sua autonomia em matéria econômica, intelectual ou espiritual (se ele crê em Deus ou não, por exemplo). A menos, claro, que a pessoa seja um defensor do totalitarismo.

Há ainda um erro de lógica no comentário: se o Estado, segundo a concepção liberal-democrata (que eu defendo) seria "inútil", então não poderia, por definição, cuidar da economia: deveria cuidar de coisa nenhuma. Melhor dizendo: deveria desaparecer. Mas isso não seria mais liberalismo, e sim anarquismo. Estou em outra, como qualquer pessoa razoalmente inteligente pode perceber com facilidade ao ler este blog.

Mais dois erros: um, de interpretação e outro, de concepção. O de interpretação: não falei que, depois dos seis anos de idade, "nos libertamos do Estado e nada mais deve ser por ele garantido" (!). Primeiro, porque aos seis anos de idade ninguém tem discernimento para se libertar de nada: nem da família, nem do Esrado. Segundo, porque o Estado deve garantir - é o que diz a tradição liberal - os direitos individuais do cidadão, como a liberdade e a propriedade (que são inseparáveis). Portanto, o leitor me atribuiu uma falácia impossível. Talvez porque pense com as categorias que usamos quando temos seis anos de idade.

Outro erro, de concepção: o autor me desafia a romper com o contrato social (!). Ora, eu não poderia fazê-lo, nem se quisesse: contratos sociais, sejam de que tipo forem, não podem ser rompidos, a não ser por uma revolução. Um indivíduo, que dele faz parte, é incapaz de romper com ele. No caso do contrato social hobbessiano, o contrato, ou pacto, é firmado entre os indivíduos que aceitam renunciar à liberdade individual em nome da segurança e da esperança de uma vida melhor. Trata-se de um esquema filosófico, não de um pacto concreto. Como eu poderia "romper" com algo assim?

Romper com a Lógica, isso sim, eu poderia fazer. Mas desconfio que, ao colocar a discussão nos termos acima, o leitor já fez isso.

BOTANDO A TECLA "SAP" PRA FUNCIONAR...

Em um post anterior, tentei explicar o blog a um leitor, que se apresenta como "brasileiro". Pelo visto, ele ainda não entendeu. Tanto que me mandou o seguinte comentário, sobre meu texto EXPLICANDO O BLOG A UM LEITOR (o assunto é a morte de Kadafi):

Confesso que não li todos os seus textos, mas apenas alguns, em meses diferentes.Não concordo com alguns deles e não acho que todos se baseiem pela mesma linha de defesa da lei, como você defende.

Caro leitor: não é preciso que você leia todos os textos do blog, apenas os que dizem respeito à questão por você levantada (segundo a qual eu teria uma visão supostamente seletiva da aplicação da lei). Seu comentário me permite dizer que, infelizmente, você precisa pesquisar mais nos arquivos do blog antes de emitir qualquer opinião a respeito.

Isso fica claro como água na seguinte frase, em que o leitor parece querer confirmar que não entendeu mesmo patavina de nada:

Discutiu sobre uma "ditadura gayzista"?!? Não enxergo a liberdade sexual como uma imposição ditatorial, muito pelo contrário.

Se o leitor está se referindo à minha opinião sobre a PEC 122 (a chamada Lei da Mordaça Gay) ou à imposição de medidas ao arrepio da própria Constituição, e que VISAM A INSTALAR UMA DITADURA GAYZISTA no Brasil, é isso mesmo: sou totalmente contra. Preciso explicar por quê?

Esse tipo de medida, além de inconstitucional (lembra de algo chamado igualdade de todos perante a Lei?), não tem nada a ver com "liberdade sexual", mas com a imposição de um estilo de vida de uma minoria à maioria da população. A liberdade sexual, aliás, já é uma realidade no Brasil, o que é mais um motivo para considerar qualquer projeto de lei "anti-homofobia" como um contra-senso. A menos que a maior parada gay do mundo não seja a de São Paulo, mas a de Teerã, o Brasil não é um país "homofóbico".

O leitor acabou de comprovar que não leu mesmo os textos em que trato do assunto. Não gosto de me repetir, mas, nesse caso, vou ajudá-lo (clique aqui: http://gustavo-livrexpressao.blogspot.com/2011/05/o-golpe-do-stf-e-uma-pergunta-gays-nao.html).

(Supondo que o leitor leu o texto no link acima) Agora me responda: em que minha opinião sobre o tema estaria em contradição com a Lei? (Quanto à defesa do gayzismo, ao contrário, não sei se é possível dizer o mesmo.)

Brigou com aqueles que defendiam a lei para Bin Laden (mesmo que essa também fosse a pena de morte) e você defendeu que a execução de Bin Laden, mesmo desarmado e já rendido, fosse correta e bem feita.

Estou cada vez mais na dúvida se o leitor leu realmente algum texto meu sobre o assunto. O que seria "defender a lei para Bin Laden"? Sua morte, vamos lembrar, foi o resultado de uma operação de guerra, não de um mandado judicial. Desde o momento em que decidiu destruir o mundo civilizado, ele era um alvo militar legítimo. E quem disse que ele estava "desarmado e rendido"? Ainda que estivesse, continuaria sendo um inimigo mortal (que tribunal, por exemplo, o julgaria?) Já escrevi sobre tudo isso.

Para simplificar a coisa, desta vez nem vou me referir aos textos mais antigos; basta reler (se é que realmente leu) o seguinte trecho de meu texto sobre a morte de Kadafi (o mesmo sobre o qual o leitor diz que concordou comigo - vou colocar algumas frases em negrito para ajudar o leitor):

"Ah mas logo você, que aplaudiu a morte de Bin Laden, vem falar em direitos humanos no caso de Kadafi?", poderia perguntar um idiota da objetividade, achando que me pegou em contradição. Tive de responder a algumas viúvas do terrorista saudita que acharam um absurdo um comando norte-americano tê-lo despachado para os quintos dos infernos sem antes ter-lhe lido os direitos. Repito: a morte de Bin Laden foi uma necessidade militar, ditada pelas circunstâncias de uma guerra que ele mesmo começou. Kadafi, ao contrário, já estava capturado, não havia por que matá-lo sem julgamento. Do mesmo modo que Saddam Hussein, ele já não representava nenhum perigo quando foi apanhado. Bin Laden, pode-se dizer, morreu em combate; Kadafi, por sua vez, era um prisioneiro. Seus captores deveriam tê-lo tratado como tal. É isso o que distingue quem leva a sério direitos humanos de quem os despreza.

Não tenho nada a mudar no parágrafo acima. E o leitor, teria algo a dizer a respeito?

Assim como você defendeu a tortura de prisioneiros, que levou até a descoberta do terrorista.Portanto, não me parece que você defende a lei e o direito em todos os seus textos, mas somente em alguns, sendo estes os melhores.

Vou repetir aqui o desafio que lancei às viúvas do Bin Laden: apresente um método de interrogatório mais humano e menos ofensivo do que o waterboarding e eu engulo uma por uma todas as palavras que disse sobre a morte do megaterrorista saudita. Aproveite e diga como os EUA poderiam ter chegado a ele se não fosse do jeito que foi. Tenho certeza que, legalista que é, o leitor terá uma boa resposta.

Ah e o desafio continua: continuo esperando que me mostrem algum exemplo concreto de texto meu em que afirmo algo diferente da defesa dos princípios da Lei e da Civilização contra o arbítrio e a barbárie. Conheço vários exemplos (inclusive em comentários). Nenhum de minha lavra.

É isso, caro leitor, tentei ser didático. Mas nenhum didatismo é suficiente se não houver boa vontade em aprender. Para isso, um pouquinho mais de leitura seria bom, para começar. Depois, quem sabe, a gente conversa.

quinta-feira, outubro 27, 2011

E LA NAVE VA...



Mais um ministro do governo Lula-Dilma foi pro saco. O camarada Orlando Silva não resistiu à maré de ladroagem dentro da pasta dos esportes, que transformou num comitê do PCdoB. E foi substituído... por um camarada do PCdoB!

Foi o 1.239o ministro a ser defenestrado em menos de um ano. E podemos ter algumas certezas:

- Nao será o ultimo;

- A imprensa domesticada continuará dizendo que Dima-Lula não tem nada a ver com nada: inventará até que está havendo uma "faxina"...;

- A massa ignara engolirá mais essa;

- No final, tudo voltará a ser como dantes na terra de abrantes.

E assim caminha o Brasil da era da mediocridade lulopetista...

quarta-feira, outubro 26, 2011

A TENTAÇÃO TOTALITÁRIA (OU: O DISCURSO DA SERVIDÃO VOLUNTÁRIA)

Um militonto esquerdiota em pleno ato devocional



Leiam atentamente e reflitam sobre o que segue:

Eu trocaria livres e a cultura democrática para ter uma educação, uma saúde melhores do que qualquer outro país. Além de que também trocaria a democracia em pró de maior segurança nas ruas e na vida. Chega de gente analfabeta, chega de gente morrendo em hospitais por falta de atendimento e chega de ser assaltado e violentado por bandidos!

O, digamos, comentário acima foi postado por um leitor anônimo (o que é bastante compreensível) sobre um texto meu em que desmascaro uma por uma algumas das principais lorotas repetidas ad nauseam pelos militontos esquerdistas sobre uma de suas maiores taras, a tirania dos irmãos Castro em Cuba. Trata-se, como qualquer ser pensante com um mínimo de neurônios deve ter percebido, de uma das maiores cretinices que alguém já despejou aqui.

Normalmente, eu não daria a menor bola para um post do tipo, e mandaria a besta que o escreveu para Pyongyang ou para Havana, onde certamente ele se sentiria mais seguro (e feliz). Digo normalmente, porque – é incrivel, mas é verdade! – esse tipo de discurso cretino, beirando a idiotia, tem adeptos. Muitos deles só se atrevem a pensar o que está aí em cima.

Na verdade, louvo essa sinceridade, que só se encontra em crianças e em idiotas: como a vida seria mais fácil se os esquerdistas, que adoram posar de democratas e humanistas, deixassem cair a máscara e abandonassem de vez a lengalenga habitual que são obrigados a usar para enganar os trouxas! Como seria mais fácil para mim se eles resolvessem deixar de lado a pose de bons moços e falar abertamente o que está aí em cima, com todas as letras. "Que eleições livres e democracia que nada! Eu quero é ditadura!" Ou: "Eu lhe prometo segurança e educação e você me dá seu pescoço para ser cortado". Certamente, eu não perderia tanto tempo denunciando as mentiras desse pessoal. Pelo menos ficaria claro que estão se lixando para a democracia e não enganariam tantos otários, que ainda os vêem como os paladinos da liberdade.

Pois é… É incrível como, em pleno século XXI, depois de duas experiências funestas, que deixaram milhões de mortes – o nazifascismo e o comunismo –, ainda haja quem veja nesses regimes alguma virtude, e os prefira à democracia. Não é por falta de informação, claro. Só pode ser por algum mecanismo psicológico mesmo, uma predisposição mental a ser dominado, castrado, escravizado pelo Leviatã estatal. Deve ser a mesma motivação que leva algumas pessoas a sentirem prazer na dor e em ser humilhadas e dominadas - afinal, tem gosto pra tudo nesta vida...

É só isso que explica essa submissão voluntária, realmente sadomasoquista, a um pacto hobbesiano redivivo, baseado num suposto – e totalmente inexistente, aliás – antagonismo entre segurança (ou saúde e educação) e o Estado Democrático de Direito. Na realidade, costuma ocorrer exatamente o contrário: quem se dispõe a sacrificar a liberdade por pão ou segurança arrisca-se a não ter nem uma coisa nem outra - aí estão os totalitarismos do século XX para mostrar. Com relação à saúde e educação, já mostrei que no caso de Cuba, trata-se de uma farsa; ademais, regimes totalitários fornecem uma falsa sensação de segurança, mas quem irá defender o cidadão da violência estatal? (E para ser justo: esse tipo de delírio não é exclusividade da esquerda: cansei de ouvir gente supostamente racional dizer que sente saudades da ditadura militar, por exemplo, pois afinal havia mais segurança nas ruas... É exatamente o mesmo raciocínio imbecil que muitos usam para endeusar a ditadura castrocomunista.)

É um fato lamentável, mas, infelizmente, algumas pessoas são escravas por natureza. Servos vocacionais, são incapazes de viver em liberdade – que sempre implica em responsabilidade individual –; estão dispostas a vendê-la ao primeiro demagogo que aparecer e a submeter-se ao tacão de um Estado opressor, abdicando do status de cidadão pelo de súdito de uma tirania. Como muitos escravos que, depois do fim da escravidão, voltaram para as senzalas, não podem viver sem um senhor para deles tomar conta e decidir sobre suas vidas. São mentes adolescentes, ainda que tenham 60 anos de idade.

Já no século XVI, Étienne de La Boétie diagnosticou, em seu Discurso da Servidão Voluntária, esse estranho fenômeno. Quem topa renunciar à liberdade em troca da proteção do Papai-Estado todo-poderoso? Talvez se eu tivesse seis anos de idade, eu aceitaria isso como algo razoável.

terça-feira, outubro 25, 2011

EXPLICANDO O BLOG A UM LEITOR



Um leitor, que assina como "brasileiro", escreveu o seguinte comentário sobre meu último texto, em que falo da morte ignominiosa de Muamar Kadafi:

Pela primeira vez, acho, sou obrigado a concordar com o que você escreveu. Kadafi deveria ter sido levado a julgamente e recebido sua pena, mesmo que esta fosse a morte. Devemos respeitar as leis e não a barbárie.Tudo indica que a Líbia muito em breve terá um novo tirano!

Ok, brasileiro: mesmo não escrevendo para que concordem comigo, gosto quando o fazem, não vou mentir. Mas fiquei encafifado com uma coisa.

Por que esta seria "a primeira vez" que o leitor concorda com algo que escrevi? Pelo visto ele nao leu muitos textos meus. Falei da execução extrajudicial de Kadafi – seu assassinato puro e simples – e que esta foi um mau sinal e uma afronta à Justiça. Em que isso difere da minha opinião em todos os outros posts?

Desconfio que o leitor acima não entendeu ainda o que é o blog. Isso porque em todos – repito: todos – os meus textos procuro me guiar pela defesa da Lei e da Civilizacão contra o arbítrio e a barbárie. A julgar pelo seu comentário, pareceria que o post sobre Kadafi seria uma exceção, e não a regra.

Pergunto: onde, em que texto, eu digo algo que destoa do que eu disse em meu último post?

Não condenei o assassinato de Kadafi somente porque se tratou de um ato ilegal, ou por uma questão de humanitarismo (os comunas diriam "sentimentalismo burguês"), mas também por uma questão de lógica, de coerência. Vou dar alguns exemplos: em que minha opinião sobre a morte de Kadafi difere da minha opinião sobre a tentativa de golpe bolivariano em Honduras? Ou os desmandos totalitários de Hugo Chávez? Ou a ditadura castrocomunista em Cuba? Ou a roubalheira dos petralhas? Ou as tentativas deles de calar a liberdade de imprensa e de pensamento? Ou de impor uma ditadura gayzista e de oficializar o racismo sob o pretexto de defender minorias? Gostaria de saber.

Das duas uma: ou o leitor não leu nada do que escrevi antes ou acha que a Lei vale apenas para Kadafi. Nesse caso, deveria explicar por que esta não se aplicaria nos demais exemplos que citei.

Alguém aponte, por favor, onde eu me afastei, um milímetro que seja, da defesa da Lei e da Democracia. Podem procurar. Se acharem alguma frase minha destoante do que escrevi sobre Kadafi, prometo que fecho o blog e me filio ao PT.

sexta-feira, outubro 21, 2011

UM TIRANO A MENOS. E UM MOTIVO PARA SE PREOCUPAR

Muamar Kadafi foi pro saco. Morreu de maneira coerente com seu reinado de terror, que durou 42 anos: de forma ignominiosa, abatido a tiros, feito um animal, depois de ter sido descoberto dentro de um buraco em Sirte, sua cidade natal. Não lamento por ele, nem lhe tenho nenhuma piedade. É um ditador a menos para envergonhar a humanidade. Que a terra lhe seja pesada.

Apesar disso - aliás, justamente por isso -, ao ver o vídeo em que ele aparece ensanguentado, sendo espancado por um bando de rebeldes armados, implorando para não ser morto, fui tomado de dois sentimentos conflitantes: primeiro, de júbilo, pela rara oportunidade de ver um tirano sanguinário capturado; depois, de frustração, pois perdeu-se uma excelente oportunidade de se fazer Justiça.

Kadafi já estava dominado, sem chances de escapar. Deveria, portanto, ter sido conduzido sob custódia. Deveria ter tido sua integridade física preservada para ser levado a julgamento e responder por seus crimes. Deveria ter sido julgado e condenado a uma pena compatível com seus delitos – e isso inclui a morte, como no caso de seu colega Saddam Hussein no Iraque. Em vez disso, ele foi seviciado e linchado por uma turba sedenta de sangue e de vingança.

Não estou dizendo que Kadafi merecia um destino melhor do que aquele a que condenou milhares de pessoas, dentro e fora da Líbia. Ao contrário de muitos “humanistas” da esquerda pró-castrista, não tenho nenhuma lágrima a derramar por ditadores, seja de que lado estiverem. (Aliás, o que teria a dizer o auto-proclamado consultor-geral do mundo, Luiz Inácio Apedeuta da Silva, sobre a morte de seu “amigo e irmão”?) Mas sei diferenciar Justiça de vingança. A primeira faz parte da civilização; a segunda, da barbárie. Ao executarem Kadafi, capturado e indefeso, os rebeldes líbios se asssemelharam a ele. Pior: podem ter ajudado a criar um mártir.

"Ah mas logo você, que aplaudiu a morte de Bin Laden, vem falar em direitos humanos no caso de Kadafi?", poderia perguntar um idiota da objetividade, achando que me pegou em contradição. Tive de responder a algumas viúvas do terrorista saudita que acharam um absurdo um comando norte-americano tê-lo despachado para os quintos dos infernos sem antes ter-lhe lido os direitos. Repito: a morte de Bin Ladin foi uma necessidade militar, ditada pelas circunstâncias de uma guerra que ele mesmo começou. Kadafi, ao contrário, já estava capturado, não havia por que matá-lo sem julgamento. Do mesmo modo que Saddam Hussein, ele já não representava nenhum perigo quando foi apanhado. Bin Ladin, pode-se dizer, morreu em combate; Kadafi, por sua vez, era um prisioneiro. Seus captores deveriam tê-lo tratado como tal. É isso o que distingue quem leva a sério direitos humanos de quem os despreza.

À frustração por não ver Kadafi sentado no banco dos réus, onde certamente ajudaria a revelar importantes segredos politicos de nosso tempo – e quantos governantes, principalmente na Europa, devem estar aliviados por causa disso! – juntou-se a preocupação pelo futuro da Líbia. Desde que se iniciou a chamada "primavera árabe", no começo do ano, venho buscando alertar, junto com mais dois ou três blogueiros teimosos, que uma coisa é derrubar ditadores como Mubarak e, agora, Kadafi; outra coisa, muito mais difícil, é substuí-los por governos democráticos. No Egito e na Tunísia, os fundamentalistas islamitas estão ganhando espaço a cada dia – na semana passada, a polícia matou 25 cristãos coptas no Cairo, e não se ouviu quase nada a respeito na imprensa ocidental. Na Líbia, igualmente, há ex-membros da Al Qaeda no tal conselho nacional de transição, e quase ninguém parece estar muito preocupado com isso.


A primeira condição para a existência da democracia – o império da lei – acabou de ser jogada no lixo na Líbia. E justamente quando era mais necessária, para distinguir os novos donos do poder da tirania. Kadafi foi assassinado. É uma pena. O que virá depois, só Alá é quem sabe.

sábado, outubro 15, 2011

O HUMOR INVOLUNTÁRIO DOS ESQUERDIOTAS

Kadafi e Castro: um já era, outro ainda tem devotos


Sou forçado a reconhecer: os esquerdiotas são engraçados. No quesito humor involuntário, do tipo que chamamos de vergonha alheia, tenho de admitir: eles são insuperáveis. Quando começo a questionar se eles são mesmo as bestas quadradas que são, eis que vem um exemplar da fauna e comprova a estupidez e a burrice desse pessoal. Ou a sonsice, sei lá eu.

Manguei aqui de um post anônimo que endeusava o tiranossauro rex do Caribe, Fidel Castro ("um dos maiores heróis da humanidade", que "amou todo ser humano que passou pela sua vida", segundo a alimária que mandou o comentário). Um outro leitor (ou o mesmo, sei lá) escreveu dizendo que não entendeu a piada, dando-me assim mais um motivo para cair na gargalhada. Ainda levantei a hipótese de o dito-cujo ser apenas um gaiato que estava se fazendo de bobo. Ele (ou ela) disse que não era gaiato coisa nenhuma, e que estava falando sério quando disse que não entendeu a anedota. Pior para ele: se fosse um gaiato, pelo menos seria alguém com um mínimo de inteligência, e eu não precisaria acionar a tecla SAP.

Sim, é isso mesmo que vocês leram: um imbecilóide, certamente acometido de delirius totalitarius, enaltece o chefão de uma das ditaduras mais antigas do mundo, eu rio disso e alguém diz que não entendeu a piada... Pior: escreveu o que está a seguir:

Bom dia GustavoSou gaiato quando tenho que ser, mas no meu comentário estava falando serio, Não sou fã de Fidel Castro, e já li algumas dezenas/centenas de historias sobre ele contada sempre pela mídia CAPITALISTA (EUA), Sei também que ele, eu e você não somos santos .Apenas acho que se o povo cubano passa fome não e porque Fidel entra na casa da população para roubar/retirar/estragar seus alimentos.Acho que você já ouviu fala em sanções internacionais!

Alguém que diz não ser fã de Fidel Castro e que, ao mesmo tempo, não entendeu por que ri de um comentário que chamou o serial killer do Caribe de "um dos maiores heróis da humanidade" deve estar, no mínimo, testando os limites da lógica. Só isso já seria motivo suficiente para não responder a quem mandou o comentário acima. Sobretudo a quem escreve (em maiúsculas) "mídia capitalista (EUA)". Além do mais, confesso que ando meio sem paciência para dar aula de "Massinha-Nível I" para mentalmente prejudicados (ainda mais sobre um assunto de que já falei tanto neste blog - basta ver os arquivos). Mas vamos lá, vou tentar ser didático. Só não me peçam para pegar na mão, OK?

Que bom, caro leitor, que você acha que Fidel Castro, o assassino de quase 100 mil cubanos, não é um santo. Eu tambem não sou. Mas numa coisa eu tenho certeza que sou diferente dele: não me assenhoreei de um país inteiro, nem meti meus adversários na cadeia, ou os fuzilei. Também não impus a censura aos meios de comunicação nem transformei um país outrora próspero numa ruína material, política e moral.

Se o povo cubano passa fome - e passa, não tenham dúvida -, isso é, sim, porque existe alguém que rouba/retira/estraga seus alimentos, como aliás roubou tudo o mais (a começar pela liberdade). E isso não tem nada a ver com "sanções internacionais", mas com incompetência pura e simples. Preciso ser mais claro?

Já estava escrevendo uma resposta mais extensa quando li o seguinte comentário (novamente anônimo - uma das características dos esquerdistas é a coragem):

Acho estranho o modo como você sempre se refere ao Fidel como vilão, como se os presidentes dos países capitalistas também não tivessem seus erros.

O que eu acho estranho, meu jovem, é que haja quem acha que chamar um ditador assassino de ditador assassino é algo estranho... Ainda mais quando se usa o "argumento" dos "erros dos presidentes dos países capitalistas" etc. Gostaria de saber o seguinte:

- Que "presidente de país capitalista" TRAIU uma revolução inicialmente DEMOCRÁTICA para instalar uma DITADURA PESSOAL COMUNISTA, que já dura 52 anos, PRENDER DISSIDENTES e impor a CENSURA?

- Que "presidente de país capitalista" PROIBIU todos os partidos políticos exceto o próprio, mandou FUZILAR 17 mil opositores e foi responsável por cerca de 100 MIL MORTES (muitas, de pessoas que sucumbiram ao tentar fugir da ilha-prisão)?

- Que "presidente de país capitalista" transformou um dos países mais prósperos das Américas num chiqueiro e num prostíbulo, uma verdadeira ruína material e moral? (E tudo com muito amor, claro...)

Enfim, que "presidente de país capitalista" fez o que está acima? Bush? Obama? FHC?

Quantos países estão mergulhados em miséria e subdesenvolvimento as custas da exploração e colonização americana.

Qual? Sei apenas de um lugar nas Américas que poderia ser considerado uma "colônia" dos EUA: Porto Rico. Que tal comparar os índices de riqueza e desenvolvimento de Porto Rico com os de Cuba?

Aliás, é curioso: os Castro e sua corriola adoram se queixar do embargo (eles chamam "bloqueio") que impede as empresas americanas de lucrarem na ilha. São tão contrários ao imperialismo dos EUA que estão doidos para serem explorados novamente por ele... Engraçado, não?

Cuba poderia ter se tornado um " Haíti" e não se tornou, é um país pobre sem industrias por conta do embargo, e apesar dele ...

Cuba não se tornou um "Haiti", mas nem precisava: o regime dos Castro fez bastante para aproximar a ilha do vizinho haitiano. O Haiti sempre foi uma porcaria, desde a independência; já CUBA ERA UM DOS PAÍSES MAIS PRÓSPEROS DAS AMÉRICAS: antes de 1959, os níveis de riqueza (inclusive sociais) eram SUPERIORES AOS DA ITÁLIA. Cuba poderia ter-se tornado uma Costa Rica ou uma Coréia do Sul, e no entanto... É com esses países, não com o Haiti, que Cuba deve ser comparado.

Por falar em Haiti, gostaria de saber por que os milhares de haitianos que fogem todos os anos da miséria não escolhem o paraíso socialista de Cuba para emigrar, e sim os EUA... Afinal, Cuba está ali ao lado, enquanto para chegar à Terra do Tio Sam é preciso enfrentar uma travessia longa e perigosa. Mesmo assim, os haitianos preferem arriscar a vida para chegar à Flórida (como fazem também os cubanos). Por que será?

Quanto a Cuba ser pobre e não ter indústrias "por causa do embargo", aí vai um fato que o autor do comentário certamente ignora: durante 30 anos, o regime dos Castro recebeu o equivalente a TRÊS PLANOS MARSHALL da defunta URSS - dinheiro suficiente para transformar qualquer país numa potência econômica. E o que fez o herói da humanidade Fidel Castro com essa dinheirama? Certamente, não investiu na dinamização da economia de seu país. (A propósito: será que o leitor que mandou o comentário sabe o que foi a URSS? Será que até isso vou ter que explicar?...)

O que vai acima PROVA - é uma prova, não é assim porque eu digo - que Cuba é o que é não porque "outros" assim querem, mas devido principalmente à INCOMPETÊNCIA e à ESTUPIDEZ do regime castrista, que levou o pais à falência. Dizer que a situação de penúria em que Cuba se encontra é o resultado do embargo é o mesmo que afirmar que a ditadura dos Castro só existe porque os EUA querem... E o pior é que muita gente caiu nessa esparrela, e vive repetindo-a por aí.

a saúde e a educação cubana servem de exemplo inclusive para o Brasil.

Ainda que isso fosse verdade, em nenhum lugar está escrito que saúde e educação são o preço a pagar pela falta de liberdade e de democracia. Se fosse assim, regimes como o nazista e o stalinista estariam plenamente justificados, e deveríamos cantar loas a Hitler e a Stálin (afinal, eles eram tiranos e assassinos, "mas pelo menos davam saúde e educação para o povo"...). Sem falar que, antes de Fidel Castro tomar o poder e transformar Cuba num porta-aviões de Moscou, Cuba ostentava índices considerados bons nos dois quesitos. Outros países conseguiram construir bons sistemas de saúde e de educação sem precisar censurar a imprensa ou fuzilar e prender dissidentes políticos (sem falar que educação de qualidade com censura é um contra-senso). Enfim, por que eu deveria trocar eleições livres e cultura democrática por um SUS melhorado?

E não me venha citar Yoani Sanchez, porque se formos nos atentar aos fatos .. quem sustenta Yoani e seu marido ? já que são jornalistas independentes, trabalham para quem ?? por que esta informação nunca é divulgada.

OK, não vou falar de Yoani Sánchez, até porque há outros blogueiros cubanos até melhores do que ela. Vou dizer apenas que há quem diga que ela é sustentada pela ditadura castrista.... (!) Como se vê, tem maluco para todos os gostos. (E ainda vem um zé-mané falar em "fatos"...)

É claro que o que escrevi aí em cima não vai fazer qualquer diferença para quem me mandou os comentários. Não vai, certamente, mudar um milímetro sua devoção à castradura cubana. Isso porque os esquerdiotas de todos os matizes vivem numa espécie de universo paralelo, um mundo da fantasia onde o capitalismo é o mal, os EUA são um império satânico e Fidel Castro é um herói (ou só é ditador porque os EUA querem, coitado...). Mas dá bem uma idéia do lixo moral que tomou conta dessas mentes entorpecidas pela propaganda ideológica mais safada.

Enfim, é inútil tentar debater com esse tipo de gente, porque é inútil debater com um lobotomizado. Do mesmo modo, é perda de tempo tentar explicar-lhes uma piada: afinal, humor é para quem tem mais de dois neurônios e anda na posição ereta.

domingo, outubro 09, 2011

POR UM PAÍS MAIS BURRO, MAIS FEIO E MAIS SEM-GRAÇA: É A CENSURA LULOPETISTA EM AÇÃO

O Brasil está ficando cada vez mais um país sem-graça. E mais feio. E mais burro. Graças aos petistas.

Primeiro foram os pôneis malditos ("um símbolo de pureza infantil maculado como representação do mal"). Depois, a Gisele Bündchen de lingerie ("reforça estereótipos machistas contra a mulher"). Seguiu-se um quadro do Zorra Total ("incitação ao assédio sexual nos metrôs", gritou o sindicato dos metroviários). E, finalmente, uma piada de mau gosto sobre comer (no sentido sexual) uma cantora grávida e o bebê que está esperando ("crime de pedofilia", sentenciaram os juízes de família). E tudo isso em menos de um mês!

Um comercial de automóveis, uma propaganda de lingerie, um quadro babaca de programa humorístico e uma piada de mau gosto causam mais indignação do que a corrupção dos petralhas. Só no Brasil.

Quando digo que a ditadura do politicamente correto já se instalou por estas plagas, neguinho vem e acha que é exagero. Desde que se instalaram no poder, os lulopetistas não têm feito mais do que duas coisas: locupletar-se nas verbas e cargos oficiais e tentar, de todas as maneiras, tutelar e censurar o livre pensamento. Eles chamam isso de "controle social" e de "regulamentação da mídia". Eu chamo pelo nome que tem: censura, pura e simplesmente. Inclusive dos comerciais: a única propaganda que essa turma entende e permite é a deles próprios.

Desprovidos de humor, os guardiães da moral e dos bons costumes não gostam de piadas, exigindo que sejam sempre corretas e edificantes, incentivadoras de virtudes cívicas e dos valores da companheirada. Esquecem-se, assim, que o humor não tem outra obrigação além de ser engraçado (pode mesmo ser grosseiro ou idiota). Recalquados(as), vêem num comercial de calcinha e sutiã uma ofensa à dignidade das mulheres. Inimigos do humor, da beleza e da inteligência, querem impor travas à liberdade de criação, subordinando-a aos ditames do partido ou do sindicato. Não por acaso, um desses bobocas já quis proibir, por "racismo", até Monteiro Lobato...

O curioso é que esses mesmos defensores do feminismo e inimigos de piadas supostamente pedófilas não vêem nada de errado em distribuir, com dinheiro público, gel lubrificante numa parada gay, ou em um ministro da Educação propor a distribuição de kits-gays para crianças de 11 anos de idade nas escolas públicas. São esses mesmos aiatolás e arautos da virtude que querem impor uma lei que pune com prisão o padre católico ou pastor evangélico que tiver a ousadia de citar o que diz a Bíblia sobre o homossexualismo - e que, não se enganem, também punirá o engraçadinho que fizer piada com os companheiros boiolas.

Até onde os novos censores, encastelados no governo dos companheiros, vão levar sua sanha moralista? Quem sabe resolvam reescrever os contos de fada. Assim, o caçador abandonaria a profissão e, junto com o lobo-mau, se converteria à causa ecológica; por sua vez, o lobo mau desistiria de sua intenção de comer a vovozinha (certamente, um elogio da tara por gente idosa) e a chapeuzinho vermelho (olha a pedofilia aí, gente). Também os comerciais e programas humorísticos seriam submetidos, antes, a uma estrita avaliação por um seleto comitê de sociólogos e antropólogos da USP e da UnB, que "a nível de" se empenhariam em verificar se os squetchs possuem ou não uma mensagem conforme os mais elevados princípios e valores do lulopetismo. Só falta aquela plaquinha com o selo da censura oficial antes dos filmes e programas na TV.

O Brasil já teve um Jânio Quadros, que, acometido de furor moralista, quis proibir até desfile de biquíni em concurso de miss (as feministas que não cuidam dos cabelos e não raspam o sovaco, como a "ministra" Iriny Lopes, certamente aplaudiriam). Hoje, tem a patrulha esquerdista que não gosta de humor e de comercial da Hope. E ainda tem quem os apóie. Não há limites para a ridicularia dessa gente.

E só para não perder a piada: você trocaria uma Gisele Bündchen por uma Iriny Lopes?

sexta-feira, outubro 07, 2011

PIADA PRONTA

Ah, assim eu não aguento!

Um leitor-piadista resolveu matar este blogueiro de rir. Eis seu comentário a meu ultimo post:

Realmente eu não entendi o motivo/logica que o SR.Gustavo transformou esse texto em um piada.

Das duas uma: ou o sujeito é um gaiato ou não entendeu mesmo a piada. Neste ultimo caso, nem com tecla SAP adianta. Só posso continuar de onde parei:

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA… (parando para retomar o fôlego)HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA….

PS.: Na boa? Eu não ria tanto assim desde isso aqui: http://gustavo-livrexpressao.blogspot.com/2009/01/ideologia-gag-de-niemeyer.html. Agora só falta o Oscar Niemeyer dizer que o serial killer do Caribe ficava “a cantar e a dançar” enquanto fuzilava dissidentes e reduzia um país inteiro à indigência. Êta povinho besta, meu deus do céu!

quinta-feira, outubro 06, 2011

SEM COMENTÁRIOS




Que tal rir um pouquinho pra desopilar o fígado?

Um leitor anônimo me mandou uma piada ótima. Vejam e caiam na gargalhada (sublinhei os trechos mais engraçados):

Fidel Castro Por incrível que pareça, há “pouco” tempo atrás fez um lado de todo um continente tremer, enquanto o outro lado o via como um exemplo a seguir, fez o mundo parar inúmeras vezes pra ouvir seus discursos, seja por medo ou admiração, salvou milhares de pessoas da fome, da prostituição e da ignorância, colocou sua vida em favor de seu país e seu povo. Fidel amou cada ser humano que passou por sua vida, indiretamente ou diretamente, não resolveu todos os problemas da ilha e muito menos do planeta, mas tudo que ele conseguiu fazer foi feito com amor, de dentro da alma. Aquele velho doente é um dos maiores Heróis da História da Humanidade. Publicar Excluir

Depois dessa, só assim mesmo:

Hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha...

Peraí, mais um pouco:

Hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha....

Sem mais, meritíssimo.

quarta-feira, outubro 05, 2011

A ESTUPIDEZ DO ANTIAMERICANISMO

Leiam o que um anônimo me escreveu:

"O que tem a ver Hiroshima e Nagasaki com os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001? Nada, claro."O que ?? como assim nada?? , vejo que sua obstinação em defender a America chega a escurecer o seu entendimento, sua mente tão brilhante se torna obscura e cega até mesmo seu tão alardeado entendimento.Osama Bin Laden é fruto direto da guerra fria.Quando a Russia invadiu um até então pais pequeno e desconhecido, que rota de hippies. Para socorrer esse país os bondosos americanos injetaram tecnologia, armas e dinheiro na família que dominava a região ...a família " Bin Laden" e o resto é historia, inclusive da amizade historia com a família Bush, algo que curiosamente você nunca publicou em seu blog.

O comentário acima foi publicado sobre meu último post, O BODE EXPIATÓRIO DO MUNDO, em que trato da religião que mais avança no mundo: o antiamericanismo bocó e rombudo, que chega ao ponto de "se indignar" diante da simples lembrança (!) dos ataques de 11 de setembro ("os EUA são sempre o lado mau e perverso, jamais são vítimas" etc.). Como qualquer pessoa com um mínimo de inteligência pode perceber (sem falar em senso de humanidade), trata-se de uma idiotice sem tamanho, despejada aqui por alguém que já se deixou intoxicar totalmente pela propaganda ideológica mais cretina. Mesmo assim, vou responder a mais essa patacoada.

Começo perguntando, mais uma vez: o que tem a ver Hiroshima e Nagasaki com os atentados de 11 de setembro? Bin Ladin virou terrorista por causa do que aconteceu com o Japão em 1945? Então os terroristas da Al-Qaeda fizeram o que fizeram para, sei lá, "vingar" os japoneses? Foi isso?

Dizer que Bin Ladin foi um “fruto direto da Guerra Fria” é o mesmo que afirmar que somos frutos diretos dos dinossauros, porque afinal viemos depois deles... Não se deve confundir anterioridade com causalidade. Quando Bin Ladin foi ao Afeganistão lutar contra os soviéticos, ele o fez para combater os "infiéis", em nome da "jihad", a "guerra santa" islâmica. Já era, portanto, um fanático islamita. O que isso tem a ver com o que os EUA fizeram, antes ou depois?

Outra coisa: os EUA injetaram dinheiro e armas para os grupos mujahidin que combatiam o exército sovietico no Afeganistão, mas de onde o leitor tirou que "a família que dominava a região" era os bin ladins? Bin Ladin era um renegado dentro da própria família: esta não teve nada a ver com o que ele fez. Daí porque o fato de que os Bush tinham amizade com os Bin Ladin não quer dizer absolutamente nada (a não ser, claro, que você seja uma mente delirante e conspiracionista, do tipo Michael Moore). Sem falar que, entre os grupos apoiados por Washington no Afeganistão, estiveram vários que não se tornaram terroristas. Portanto, afirmar que Bin Ladin seria uma “criação dos EUA” é uma falácia, para dizer o mínimo.

Mas digamos que sim, Bin Ladin tenha feito o que fez porque queria vingar Hiroshima, era um fruto direto da Guerra Fria e Bush era amigo da familia: em que – repito: em que – isso justificaria a morte de 3 mil pessoas? O que os mortos em 11 de setembro de 2001 tinham a ver com isso?

Como já disse, o que incomoda os antiamericanos, velados ou não, é que os EUA foram vítimas de um ataque terrorista, e isso nao podem negar. Obstinados em negar o óbvio, tentam achar justificativas para o que aconteceu dez anos atrás. Em um verdadeiro monumento à estupidez humana, desembocam sempre no mesmo raciocínio delinquente: os ataques teriam sido não um crime monstruoso contra a humanidade cometido por um bando de dementes, mas uma "resposta dos oprimidos" à "política internacional dos EUA" etc. E isso independentemente do que tenham feito ou deixado de fazer. Enfim, ODEIAM OS EUA NÃO PELO QUE FIZERAM, MAS PELO QUE SÃO: a terra da democracia e da liberdade, não importa o que digam.

Agora tenho um motivo a mais para não dar trela a esse discurso idiota: tenho sempre que ensinar o bê-à-bá a quem é incapaz de raciocinar em posição ereta. E isso, tenho de admitir, é um teste de paciência.

sábado, outubro 01, 2011

O BODE EXPIATÓRIO DO MUNDO

Um devoto anônimo da seita antiamericana - a religião que mais cresce no mundo, mais até do que o Islã ou os cultos evangélicos - me mandou um longo comentário em que se queixa, chorosamente, da "excessiva atenção" dada nos últimos dias aos dez anos da tragédia do 11 de setembro de 2001 nos EUA. Lembrando os bombardeios atômicos a Hiroshima e Nagasaki na II Guerra Mundial, ele (ou ela) diz lamentar o fato de nenhum militar norte-americano (ou de qualquer país aliado, enfim), ao contrário do que ocorreu com os alemães e japoneses, ter sido condenado pelas atrocidades cometidas contra a população civil (na Alemanha e no Japão, por exemplo). Afirma, ainda, ver "com indignação" as reportagens e documentários sobre os ataques terroristas, pois, segundo diz, "há muito não escuto falar nada sobre as atrocidades que os americanos cometeram contra o mundo" (sic). No final, solta a seguinte pérola:

Aliás, os eventos do 11 de setembro foram frutos dos presentes que a atrapalhada política internacional americana deu ao mundo: Bin Laden, Talibãs, Saddam Hussein, todos são frutos da burrice imperialista americana no Oriente Médio. E mesmo tendo armado todos esses e muitos outros terroristas e tiranos ao redor do mundo, ainda olhamos para os coitadinhos americanos com pena e dor. É lógico! Afinal, não foram os americanos mortos nos atentados que produziram os terroristas; foram os militares megalomaníacos e políticos gananciosos que o fizeram; os ataques não mataram nenhum deles; mataram apenas civis, inocentes e desprotegidos, da mesma forma que em Hiroshima e Nagasaki. Mas lá, como não foram americanos que morreram, ninguém lembra, ninguém fala.

Confesso que tenho pouca paciência para a discurseira antiamericana. Além de ser um trololó bucéfalo, muitos que o repetem nem se dão conta de que são antiamericanos, e que estão apenas justificando o que de pior existe na humanidade. Apenas repetem, mecanicamente, uma lengalenga ideológica condicionada pelo ódio, que muitos não admitem que sentem, contra os EUA - na verdade, contra a própria humanidade.

É exatamente esse o caso do autor do comentário acima. Aparentemente alguém indignado contra as injustiças da História (e o mundo é um lugar injusto, como todos sabem), acaba reproduzindo, na verdade, um dos discursos mais canalhas e criminosos de todos os tempos. Quase certamente sem o saber, acaba confessando-se cúmplice do terrorismo islamita, apelando para agravos passados.

O irritante desse discurso é que ele seria somente idiota, se não tivesse seguidores. Enquanto o Sol brilhar sobre a Terra, haverá gente, ingênua ou mal-intencionada, a lembrar as bombas sobre o Japão para destilar o ressentimento (muitas vezes, misturado a sentimentos inconfessáveis de inveja e admiração) contra os EUA e tudo que ele representa - a democracia, principalmente.

Sim, é verdade que os EUA cometeram ações que atingiram civis durante a II Guerra, como os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki. Assim como TODAS as grandes potências que participaram do conflito, de ambos os lados, diga-se. Vistas à distância, quase 70 anos depois, tudo parece um gigantesco assassinato em massa (e, em muitos casos, foi isso mesmo). Mas pode-se abstrair daí o sentido da guerra? Os EUA mataram civis, assim como os alemães e os soviéticos também o fizeram (e em escala bem maior). Mas podem dizer que, ao contrário de seus inimigos, agiram em defesa de uma causa justa, e também (no caso das bombas sobre o Japão) para abreviar a guerra. Pergunte a um japonês o que ele acha do papel dos EUA na II Guerra e ele, quase certamente, agradecerá pelo fato de hoje o Japão ser um país pacífico e democrático, ao mesmo tempo em que se encolherá de vergonha pelo que seus avós fizeram nos países invadidos pelas forças nipônicas (nem por isso, porém, vou sair por aí insinuando que os japoneses "tiveram o que mereceram"). Do mesmo modo, os alemães terão que purgar, por gerações, o horror dos crimes nazistas (e não apenas contra os judeus). Sem falar nos cidadãos dos países libertados do jugo nazista pelas tropas de Patton e Eisenhower. Será que acreditam que os EUA deveriam se desculpar pelo que fizeram?

Aliás, acho mesmo que faltou alguém em Nuremberg: os soviéticos, que assinaram um pacto com os nazistas em 1939 e foram, assim, co-responsáveis pela eclosão da II Guerra. Sem falar nos milhões de mortos pela URSS de Stálin - antes, durante e depois do confronto. Para citar apenas um exemplo, ocorrido no começo da guerra: 25 mil soldados poloneses capturados foram exterminados pela polícia soviética na floresta de Katyn, em 1940. Somente alguns anos atrás, foi revelado que esse assassinato em massa foi cometido pelos russos (durante décadas, a propaganda comunista culpou os nazistas pelo massacre). E como esse há centenas, milhares de casos. Mas onde está a indignação contra esses crimes?

Falando nisso, também vejo com indignação a maioria das reportagens sobre o 11 de setembro veiculadas nestes dias, mas por um motivo bem diferente: a maioria delas, como já escrevi aqui, só faltam culpar os próprios EUA pelo ocorrido. Exatamente como faz o comentarista anônimo - aliás, ele (ou ela), vai além, e diz claramente que os EUA (e, portanto, todos os que morreram) tiveram o que mereceram.

O que tem a ver Hiroshima e Nagasaki com os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001? Nada, claro. A não ser que você seja um papagaio repetidor de slogans e platitudes antiamericanas, para quem qualquer ato de terror cometido contra os EUA, por pior que seja, é justificado. Outro dia, respondendo a uma amiga minha que, provavelmente sem o saber, endossou o discurso anti-EUA por trás da lembrança de "outros setembros", afirmei que tal discurso, ao contrapor fatos como o golpe no Chile em 1973 à tragédia de dez anos atrás em Nova York e Washington, visava tão-somente a miniminizar e, em última instância, a anular a lembrança dos ataques terroristas. O mesmo digo agora dessa tentativa tosca de contrapor - é esse o verbo - Hiroshima e Nagasaki ao 11 de setembro (aliás, o autor do comentário não tem do que se queixar: as bombas atômicas sobre o Japão, ao contrário do que ele afirma, são um dos fatos mais lembrados e repisados da História).

Do mesmo modo, somente sendo muito cretino e tendo o cérebro totalmente lavado pela vulgata esquerdóide à la Noam Chomsky para enxergar no 11 de setembro o resultado dos "presentes que a atrapalhada política americana deu ao mundo". Bin Laden, o Talibã e Saddam Hussein não são "frutos da burrice imperialista no Oriente Médio", mas do fanatismo islamita e do totalitarismo, que não precisam de ninguém para se justificarem. A menos que se considere as figuras citadas acima como robôs teleguiados, sem vontade própria, ninguém é terrorista ou ditador devido à vontade alheia. Não foram os EUA, até onde sei, que criaram Kadafi, Ahmadinejad ou Bashar al-Assad. Também não foi o Pentágono ou a CIA que engendraram o Hamas e o Hezbollah. O envolvimento direto dos EUA nos assuntos do Oriente Médio começa em 1958, quando Eisenhower enviou soldados ao Líbano. A Irmandade Muçulmana, organização-mãe do Hamas, surgiu em 1928 - trinta anos antes. Portanto, mesmo cronologicamente, tentar atribuir a culpa pelo fanatismo islamita aos EUA é coisa de quem vê chifre em cabeça de burro.

(Aliás, se há alguém a se culpar pela formação de Bin Laden, não são os EUA, mas a finada URSS, pois foi a hoje quase esquecida invasão do Afeganistão pelo exército soviético em 1979 que levou o milionário saudita a deixar sua terra natal e a aderir à jihad contra os "infiéis". Mas, como não houve americanos na parada, disso ninguém lembra, ninguém fala.)

Ainda que os ataques terroristas de 11/09 fossem uma "resposta" à política norte-americana no Oriente Médio - notem bem: ainda que -, seria necessário um grau de canalhice muito grande para afirmar que os EUA "colheram o que plantaram" (pois é isso que se está dizendo). Seria o mesmo que dizer que as cerca de 3 mil pessoas que morreram tostadas e esmagadas nas Torres Gêmeas e nos aviões MERECIAM morrer, pois teriam sido um alvo "legítimo". Ora, por que não dizer que os mortos em Hiroshima também "mereceram morrer"?

É claro que dizer isso seria uma estupidez enorme, até mesmo para um antiamericano. Por isso esse discurso vigarista precisa vir coberto de um verniz "humanista", lembrando tragédias passadas - como se estas justificassem o terror. Em qualquer caso, trata-se de algo típico de delinquentes morais, em busca de um bode expiatório - e que melhor bode expiatório pode existir do que os EUA, que muitos odeiam e todos invejam?

Já disse e repito: o que incomoda gente como o anônimo que me mandou o comentário (e que está "indignado" por causa disso...) é que ele não pode negar que, em 11 de setembro de 2001, os EUA foram VÍTIMAS, e não autores, de um ataque hediondo - simplesmente o maior ataque terrorista da História. Isso essa gente não pode conceber, ou entender, porque quebra radicalmente o esquema mental em que estão presos. Estão tão acostumados a ver o mundo de forma maniqueísta, em termos de "bem" e "mal" (sendo o "mal" o satã imperialista norte-americano, e o "bem", por conseguinte, todos os que se oponham a ele), que as noções de bem e de mal, de justo e injusto, já se misturaram em suas cabeças deformadas, invertendo-se completamente. Simplesmente não conseguem sair desse atoleiro mental porque não conseguem enxergar além do ódio que sentem pela pátria de Jefferson e Lincoln. Não percebem, ou não querem perceber, que os bin ladins não odeiam os EUA e o Ocidente pelo que estes fizeram, mas pelo que são. Talvez por partilharem desse mesmo ódio. Os devotos da seita antiamericana podem até tentar disfarçar, mas sempre deixam esse ódio vir à tona. Enquanto eu estiver aqui, faço questão de retirar-lhes a máscara.