quarta-feira, fevereiro 27, 2013

EM DEFESA DA PIADA

 


Li há pouco na internet um texto de um humorista, ou, melhor dizendo, ex-humorista – e acredito que o que vem a seguir deixa claro por que ele, em minha opinião, abandonou o humorismo –, queixando-se de alguns colegas de profissão. Segundo o autor do texto, o humor brasileiro enveredou por um caminho de deboche e ofensa gratuita contra grupos sociais específicos, esbaldando-se em piadas de gosto duvidoso e abusando de estereótipos, como a "loira burra", o "gay travesti", o "português idiota" etc. Ele critica comediantes da nova safra do humor nacional, como Danilo Gentilli, por piadas supostamente sexistas e racistas sobre negros ("macacos"), judeus etc. No final, há um link para um documentário estrelado, entre outros, pelo deputado-BBB Jean Wyllys, figura de proa do "movimento gay" no Brasil, "denunciando" (o tom é de denúncia) os comediantes por fazerem piadas consideradas "homofóbicas" etc.
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Isso tem virado uma rotina no Brasil: uma anedota ou um comercial mais ousado fere a sensibilidade de algum militante e este resolve chamar a polícia. É espantoso que um ex-humorista – e aqui espero deixar claro o porquê do "ex" – escreva um longo texto em que pede nada menos do que a criação de um manual de correção política para comediantes!
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Na boa, fico preocupado quando vejo alguém reclamar de uma... piada! Não consigo encontrar outra palavra no dicionário para definir qualquer tentativa de enquadrar o humor em um molde "politicamente correto" do que CENSURA.
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Todo humor é necessariamente anárquico e do contra, não tem nenhuma obrigação de ser "a favor", "do bem" ou de bom gosto, apenas de ser engraçado. Também não tem nenhum dever de ser um tratado sociológico, ou mesmo fiel à realidade. Pode ser, inclusive, preconceituoso. Realismo é para cientistas. E bom gosto é para socialites.
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Se uma piada ofende as suscetibilidades de quem quer que seja (gays, loiras, feministas, militantes negros, judeus, portugueses etc.), o problema está com quem se sente  “ofendido”, e não com a piada. Nesse caso, os “ofendidos” têm a liberdade de não assistirem ao show do humorista. Ou, então, que respondam na mesma moeda, fazendo piadas com machistas, racistas etc. E vamos rir todos juntos!
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Piada é piada, não manifesto político-partidário. No momento em que um humorista, ou suposto humorista, adota uma agenda política e passa a se censurar, aceitando limites ditados não pelo humor, mas pelas conveniências de "movimentos", deixa de ser humorista. Vira militante. E todo militante é um chato que merece ser ridicularizado.
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E não pensem que tudo isso se limita às piadas ou à publicidade. Até na Literatura (com L maiúsculo), os novos censores e paladinos da moral e dos bons costumes já se imiscuíram. Há algum tempo, um burocrata ocioso incrustado em algum departamento improdutivo do MEC lulopetista entrou com um processo para censurar ninguém menos do que Monteiro Lobato, tentanto extirpar de sua obra genial passagens consideradas "racistas". Daqui a pouco vão querer censurar Shakespeare por antissemitismo, Voltaire por antiislamismo e a Bíblia por homofobia. Provavelmente, é isso mesmo que querem.
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Pessoas que não têm humor e que se levam demasiadamente a sério, além de insuportavelmente aborrecidas, são burras e autoritárias. Não se contentam em impor limites e regras para o que deve e não ser dito. São contra o próprio humor, a forma mais livre e subversiva de crítica. São contra a critica, enfim o próprio pensamento livre. O riso é a maior arma contra o autoritarismo. Não por acaso, ditaduras odeiam o humor.
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Ninguém, nenhum comportamento humano está acima da chacota, e isso é ótimo! Se é pra fazer piada com poderosos e que podem se defender, então ainda espero ver alguém fazer piada com o Islã e com Maomé. As com a Igreja, de tão repetitivas, já perderam a graça. O riso não tem agenda política nem ideologia.
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Só não aceito um tipo de piada: a que não é engraçada. E isso não vai ser uma feminista de cara amuada ou um sindicalista do gayzismo que vão determinar. Humor é liberdade. O resto é discurso ideológico de minorias afetadas e que não sabem rir. Principalmente de si mesmas. No país da piada feita, motivos para isso não faltam.

terça-feira, fevereiro 26, 2013

O NOME DO BLOG - AGORA SEM ASPAS

O blog está de cara nova. Ou melhor: de nome novo. Retirei as aspas em "Do Contra". Fiz isso por três motivos: primeiro, porque me deu vontade; segundo, por razões estéticas; e terceiro – e o mais importante –, porque as aspas passam uma impressão de ironia, não correspondendo exatamente, muitas vezes, ao que eu quero dizer aqui.
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Embora eu seja, muitas vezes, irônico, principalmente quando desço a lenha nas picaretagens dos esquerdopatas, tento ser o mais claro possível. Já falei de como surgiu o apelido, “do contra”, que quero crer começou como uma brincadeira. Com o tempo, porém, percebi que minhas opiniões são mesmo do contra, que defender coisas como a democracia e a liberdade de expressão significa remar contra a maré no Brasil, sobretudo nos dias tenebrosos que correm. Além do mais, as aspas podem transmitir uma imagem de falsidade, de ambiguidade, e disso já estamos cheios. Melhor chamar as coisas pelo nome.
 
Portanto, a partir de agora, sou oficialmente Do Contra. Sem aspas. E ainda mais do que antes.

domingo, fevereiro 24, 2013

YOANI SÁNCHEZ. OU: A HISTERIA DOS ESQUERDIOTAS


Imaginem o seguinte: um opositor de uma ditadura latino-americana está em visita a um país estrangeiro. Na chegada, é hostilizado por um bando de apoiadores dessa ditadura, que tentam calá-lo e impedir que divulgue sua mensagem pró-democracia. Xingam-no e insultam-no, cospem nele, atiram-no notas de dólares, acusando-o de espião e mercenário a serviço de uma potência estrangeira. Em todos os lugares aonde vai, depara com uma súcia que o insulta aos berros. Antes de sua chegada ao país, descobre-se que funcionários do governo, em conluio com o embaixador da ditadura, montam uma operação de espionagem para desacreditá-lo. O embaixador inclusive admite que agentes da ditadura atuam no país monitorando opositores – o que é uma clara violacão do princípio de não-ingerência.

Imaginaram? Agora pensem que a ditadura em questão é a ditadura militar do Brasil (1964-1985), e que o opositor é um exilado brasileiro.

A situação descrita acima aplica-se perfeitamente, apenas com o sinal ideológico trocado, à tumultuada visita ao Brasil da blogueira e dissidente cubana Yoani Sanchéz. Com algumas diferenças fundamentais: a ditadura militar acabou no Brasil há mais de vinte anos; a de Cuba, comandada pelos irmãos Castro desde 1959, ainda não acabou, nem dá sinais de que vai acabar um dia. Outra diferença é que a tirania cubana, um regime totalitário comunista, matou muito mais do que os generais brasileiros, e a censura do regime de 64 não chegou nem aos pés do controle total da informação pelo Partido-Estado na ilha-presídio.  

Mas a maior diferença é outra, e ficou explícita na visita de Yoani. Ao contrário dos militares brasileiros, uruguaios ou chilenos do passado, os gerontocratas cubanos contam com apoiadores fervorosos no Brasil. Mais que isso: prontos a usar a violência física contra quem ouse usar a palavra para criticar, por mínimo que seja, a ditadura mais antiga do Ocidente. Nenhuma outra ditadura latino-americana se equipara, nos quesitos repressão e longevidade, à gerontocracia cubana. E nenhuma tem tantos defensores apaixonados fora de suas fronteiras.

Desde o momento em que pisou em solo brasileiro, iniciando a primeira viagem para fora da ilha-cárcere em seis anos (e após 20 tentativas negadas pelas autoridades de Havana), Yoani foi constantemente hostilizada por uma turba de fanáticos e gorilas fascistóides pagos por partidos de esquerda que compõem o atual governo Dilma Rousseff. Foi ofendida e injuriada com slogans que a acusavam de ser espiã e mercenária da CIA (acreditem: há quem pense que ela é agente da ditadura castrista, e com os mesmos argumentos: ela bebe cerveja, vai à praia e come banana...). Tais bobocas impediram, na base do berro e de ameaças de agressão, a projeção de um documentário do qual Yoani participa. Perseguiram-na em quase todos os lugares, inclusive no Congresso Nacional, onde deputados do PT, do PCdoB e do PSOL comportaram-se de maneira semelhante às claques de militontos histéricos (caracterizando, aliás, o crime de constrangimento ilegal, tipificado no Código Penal brasileiro). Tamanha foi a fúria dos esquerdopatas inimigos da liberdade de expressão que até o senador Eduardo Suplicy, caprichando na pose de falso bobo alegre que é sua marca registrada, saiu em defesa de Yoani, esperando com isso que todos se esqueçam de décadas de conivência sua com a castradura cubana e ficar bem na fita. 

Pois bem. De nada adiantaria repetir aqui alguns fatos óbvios sobre a tirania dos Castro em Cuba. De nada adiantaria perguntar aos amantes da castroditadura, por exemplo, se eles topariam viver uma semana em um país onde faltam papel higiênico, sabão, pão, carne, leite, com apagões diários e vivendo (?) com 12 dólares por mês (detalhe: quem reclama termina no xilindró...). Tampouco seria de grande valia indagar aos parlamentares esquerdistas que tentaram calar Yoani se eles desejam para o Brasil o mesmo que defendem para Cuba, ou seja, uma ditadura eterna, com censura à imprensa, sem liberdade de expressão e de reunião, partido único, presos políticos etc. (muitos certamente  vão querer dizer "sim", mas não têm a coragem de dizer abertamente). Aduladores de ditaduras simplesmente estão além do alcance de qualquer racionalidade. O importante é que a visita de Yoani já é histórica.

A visita de Yoani é histórica porque ajudou a tirar a máscara de muita gente no Brasil, mostrando a verdadeira cara dos militontos de esquerda, muitos dos quais adoram posar de defensores da democracia e dos direitos humanos (quando lhes convém, claro). Bastou a vinda de uma blogueira que não dança conforme a música ditada por Raúl e Fidel, e cujas críticas à tirania são aliás bastante moderadas, para tirar essa gente do sério e fazê-los mover mundos e fundos (principalmente fundos, que são abundantes) para atacar o mensageiro. Bastou a visita de Yoani para revelar para quem quiser ver que, para essa patota, há ditaduras boas e ditaduras más - as boas são as que matam mais (e que duram mais tempo).  Poucas vezes a expressão FASCISMO DE ESQUERDA fez tanto sentido quanto nesses ultimos dias no Brasil.

O jeito mais rápido e fácil de desmascarar um hipócrita esquerdista (seja "hard" ou da esquerda aguada, do tipo que se enche de indignação contra os crimes da ditadura militar mas considera "extremismo de direita" pedir democracia em Cuba) é perguntar o que ele(a) acha do regime comunista da ilha da fantasia da esquerda. Se ele(a) se recusar a condená-lo, insistindo num tom "neutro" ou fazendo silêncio, pode ter certeza: trata-se de um farsante. A visita de Yoani Sánchez foi uma excelente oportunidade de mostrar o que essa gente realmenre pensa e o que realmente quer.

Eis mais uma invenção da era lulopetista: o "protesto pró-ditadura", o "protesto a favor".

Imaginem o barulho que haveria se um grupo de "manifestantes" recebesse com gritos de protesto e ameaças de linchamento os exilados brasileiros que voltaram ao Brasil em 1979, chamando-os de agentes da KGB (e muitos eram mesmo)...

Como eu já disse inúmeras vezes, o clube mais numeroso do mundo é o dos inimigos das ditaduras passadas, e amigos das ditaduras atuais. Aí está Yoani para provar.

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Não me admira a raiva dos militontos petistas e assemelhados contra Yoani Sánchez. Afinal, além de tudo que está aí em cima, ela milita "do lado errado". Vejam só:

- Yoani não ergue bandeira nem grita slogans contra o capitalismo, a globalização ou as multinacionais (até porque ela sabe que capitalismo e democracia, duas coisas inexistentes em Cuba, são inseparáveis);

- Yoani não invade igreja pelada para "comemorar" a renúncia do papa (até porque a religião cristã sofreu dura perseguição por parte da ditadura castrista em Cuba);

- Yoani não bate tambor em defesa do "casamento gay" e por uma lei "contra a homofobia" (o que diabos seria isso?);

- Yoani não defende cotas raciais nas universidades "contra o racismo" (ela vem de um país racialmente miscigenado, como o Brasil);

- Yoani não pinta a cara nem adota nome indígena fake no Facebook, posando de índio de boutique e defendendo aldeias e quilombos de mentitinha para mamar nas tetas do Estado-babá;

- Yoani não sai por aí endossando teses fajutas de artistas da Globo para protestar contra a construção de uma usina hidrelétrica (de onde ela vem falta luz todo dia);

- Yoani não gasta seu tempo em causas da elite descolada como a legalização da maconha (até porque em Cuba também há drogas, como sabe qualquer um que ler seu blog);

- Yoani não justifica atentados terroristas perpetrados por fanáticos islamitas, nem protesta contra os EUA por derrubarem tiranos genocidas;

- Yoani não sai por aí em favor do "controle social da mídia" (não, obrigado: ela sabe o que é censura);

- Yoani não considera o Mensalão "uma conspiração das elites";

- Yoani não quer rever anistias para punir apenas um lado etc.

Em vez disso, Yoani defende uma outra causa, mais simples: Liberdade e Democracia para Cuba.

Em resumo, Yoani não é uma militonta anticapitalista, antiglobalização, antirreligiosa, feminista, gayzista, racialista, ecochata, maconhista, antiamericana, antiocidental, multiculturalista, antiliberal e antidemocrata.

Convenhamos, realmente Yoani é uma figura muita estranha, estranhíssima. Principalmente no Brasil.

domingo, fevereiro 17, 2013

O FASCISMO GAYZISTA EM AÇÃO

 
Vejam que coincidência. Eu estava prestes a começar a escrever um texto sobre intolerância na internet e um sujeito, que se assina como "Tiago Calazans", resolveu confirmar de antemão minha tese de que os sindicalistas do gayzismo - essa ideologia "politicamente correta" - são mesmo um bando de fascistas, que não estão nem aí para a liberdade. O rapaz, que deve ser um desses militantes que não vêem problema algum em tentar calar a boca de religiosos e em impor a censura em nome da "liberdade" de gays e lésbicas, como se estes fossem uma categoria especial de cidadãos, acima da sociedade, deixou um, digamos, comentário sobre meu texto DE GAYS, CABRAS E ASNOS que apenas justifica, em cada letra, o que está lá escrito. Bastou eu contestar, com fatos e argumentos, um texto do deputado-BBB Jean Wyllys para que eu recebesse os seguintes qualificativos:

Você é um nazi-fascista,
coitada das mentes despreparadas que entraram no seu blog e lêm a descrição que a priori parece ser libertária, ridiculo.
Viva a nova esquerda!
nota:
pesquise sobre a nova esquerda no wikipedia.
seu asno.
funde uma página dedicada ao jovem, e ponha o nome juventude hitlerista.

Normalmente eu nem me daria ao trabalho de responder a uma criatura que já na primeira linha apenas comprova a Lei de Godwin - aquela que diz que, mais cedo ou mais tarde, alguém sacará os adjetivos "fascista" ou "nazista" num debate, a fim de desqualificar o oponente, ocultando a própria falta de argumentos.  Ainda mais numa mensagem em que a estupidez aparece ao lado do desrespeito à concordância nominal ("coitada [sic] das mentes despreparadas" etc.). Chamar de asinina a mente de onde saíram tais impropérios seria uma injustiça para com as alimárias. Mas abro uma exceção e comento, pois o caso tem um valor, digamos, pedagógico.
 
Comecemos pelo adjetivo - "nazi-fascista". Sabe por que, caro leitor, fui brindado com epíteto tão infamante? Porque ousei dizer - vejam que coisa! - que aquilo que é feito por duas ou mais pessoas debaixo dos lençóis não deve ser considerado critério para garantir-lhes (ou retirar-lhes) direitos ou deveres. Porque  disse  que - olhem que absurdo! - todos são iguais perante a Lei num Estado de Direito Democrático, e assim deve ser. E fiz isso citando o próprio Jean Wyllys, que no texto mencionado se afasta diversas vezes do bom senso e da lógica, inclusive com estatísticas falsas sobre um totalmente inexistente "holocausto gay" no Brasil, talvez o país menos homofóbico do mundo. Está tudo lá, quem quiser tirar a prova que leia meu texto, cujo link está aí em cima.
 
Pois é, por dizer tais coisas, que deveriam ser óbvias até para uma criança de seis anos de idade, fui tachado de simpatizante de Hitler e Mussolini. Logo de Hitler, que tinha entre seus mais ferozes apoiadores as tropas de assalto da SA, formadas por notórios homossexuais (ele mesmo, o Führer, segundo alguns historiadores, também seria homossexual). E isso porque defendo a igualdade jurídica e a liberdade de expressão, inclusive a liberdade religiosa, que tanto parece incomodar os militantes gayzistas. Assim como também incomodava Hitler e Mussolini (e Stálin). Enfim, todos os totalitários.
 
Sem falar que o rapaz deve ter errado de blog, pois em minha descrição não há nada que possa sugerir alguma inclinação "libertária" de minha parte. Pelo contrário, lá eu me defino como um liberal-conservador, algo bem diferente. Mas certamente discernir uma coisa da outra está além da capacidade intelectual de quem ignora a diferença entre democracia e nazi-fascismo... Não por acaso, o dito-cujo ainda proclama vivas à nova esquerda (que ele conhece da Wikipédia, certamente sua maior fonte de pesquisa...). Nesse caso, talvez fosse interessante para clarear as idéias do rapaz  que ele desse uma olhada no livro Fascismo de Esquerda, de Jonah Goldberg, que eu recomendo e cujo título já diz tudo. Quem sabe ele aprende alguma coisa.
 
Paro por aqui. Discutir tal assunto com um membro da juventude hitlerista-gayzista é algo que me dá náuseas. Ainda estou à procura de algum militante da "causa" gay intelectualmente honesto e que, diante de quem pensa diferente, não se comporte como um veadinho histérico e afetado, infenso ao debate. A se julgar por reações idiotas como a do leitor acima, porém, tal objetivo parece improvável. A intolerância mudou de lado.      

PETISTAS OTÁRIOS

Este não é um blog de humor, embora às vezes alguns leitores se esforcem para que ele o seja. Um anônimo, por exemplo, ficou mordido por causa do que escrevi em meu post QUERO SER PETISTA. E acabou aumentando a lista das piadas que seguem a linha "humor involuntário" (também conhecido como "vergonha alheia").
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Vejam o que ele escreveu, na língua que desconfio ser o Português (língua de petista, enfim):
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É uma injustiça o que vocÊ postou, agride a todos os petistas, não foi um petistas que roubaram dinheiro foram pessoas que se aproveitaram do seu cargo, independente do partido. o que mais me anojou é vc dizer que ser petista é um bom negocio, eu sou petista pelos ideais aos quais luto e não por dinheiro porque nunca recebi R$1,00 do governo e nem quero. não somos todos iguais.
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Realmente, fico na dúvida sobre o que mais me enojou - e não "anojou", como está aí em cima, quero crer que num erro de digitação (estou sendo bonzinho...) -: se a idéia mixuruca de que foram "pessoas que se aproveitaram do seu cargo, independente do partido" (e o Mensalão existiria sem o PT?), ou se a insistência, quero crer que sincera, de que alguém seja petista "pelos ideais aos quais (sic) luto"... (que nobre ideal moveria o partido de Lula e Zé Dirceu? O enriquecimento próprio em nome dos trabalhadores? O apoio a figuras como Collor e Maluf em nome da ética na política?).
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Mas tudo bem, vou dar um desconto. Admito que cometi uma injustiça, como diz o caro leitor. É verdade, há petistas e petistas: há os espertalhões, como Lula e Zé Dirceu, e há os idiotas. Os primeiros estão na cúpula do partido, e se locupletaram nos últimos dez anos em todo tipo de negociata. Os segundos geralmente são os militantes da chamada "base", a arraia-miúda. Estes são perfeitos otários, pois continuam a acreditar que um partido que transformou a corrupção numa forma de arte ainda teria algum "ideal" pelo qual lutar. Em geral, até reconhecem que o Mensalão existiu - até porque o STF, diante da abundância de provas, já condenou os mensaleiros e a tese da "conspiração das elites e da mídia", por totalmente ridícula e ofensiva à inteligência, não colou -, mas vêem esse e outros escândalos como meros "desvios de conduta" de um partido que teria a marca original da pureza e da santidade. Como se o fato de TODA A CÚPULA do PT ter caído por causa das denúncias não fizesse qualquer diferença... É o caso do rapaz (ou da moça) aí em cima.
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Certa vez, Nelson Rodrigues escreveu que havia dois tipos de stalinista: o stalinista puro, que defendia abertamente o terror político, muitas vezes de forma cínica, por oportunismo, e o crente sincero no comunismo, que ele admitia que existisse. Não importa, ele dizia, este último também é stalinista, ainda que não o saiba. Talvez até mais stalinista do que Stálin, pois sua crença ideológica está alicerçada na mais completa ignorância, na idiotice mais escancarada.
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Assim ocorre também com os petistas. Nem todos se beneficiam da corrupção - um dos articuladores do esquema do Mensalão, José Genoíno, por exemplo, vangloria-se de morar numa casa modesta na periferia de São Paulo, e isso não o torna menos petralha. Pelo contrário: apenas confirma o padrão dos partidos de esquerda, mistos de máfia e seita religiosa. Do mesmo modo que fiéis incautos sustentam o fausto de pastores espertalhões, os militantes petistas bancam a farra dos delúbios e dirceus. Não é por acaso, aliás, que o PT se aliou à Igreja Universal do Reino de Deus: o PT é a Igreja Universal da política, assim como a Igreja Universal é o PT da religião. Ainda que não receba um Real dos cofres públicos, o militante petista é cúmplice do maior escândalo de corrupção da História do Brasil. Cumplicidade agravada pela completa estultice.
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Outro exemplo: o sujeito que, tendo militado durante anos no PT e dedicado a ele parte significativa de sua vida, decide romper com o partido, pois este, atolado na corrupção e em alianças espúrias, teria se afastado de seus ideais de origem e não seria mais, portanto, "de esquerda". Surge, assim, um outro partido, clamando pela "volta às origens" (que são também as da corrupção)... E assim o ciclo se renova e se repete, ad infinitum. É também uma forma de petismo.  O petismo é auto-renovável e imune aos fatos. Daí porque ser petista continua a ser um excelente negócio.
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Qualquer criança sabe que, para cada malandro, há milhares de otários. O PT é uma prova disso. Não é preciso ser um Lula ou um Zé Dirceu para avalizar a roubalheira dos petralhas. Para tanto, basta ser idiota. Basta ser petista.   

sábado, fevereiro 09, 2013

RINDO DA ESTUPIDEZ

Apenas para encerrar com um toque de humor o episódio do imbecil que me escoiceou no Facebook e achou que poderia ficar por isso mesmo (leiam o post anterior), faço aqui umas últimas observações, que revelam o nível mental realmente pré-púbere desse tipo de criatura. 

Sabem que autor o rapaz que me injuriou tem em alta conta?... Slavoj Zizek!  O filósofo dos sanitários! 

Convenhamos: é preciso uma dose cavalar de sonsice ou a total falta de noção para levar a sério um sujeito que se presta a reeditar textos de Mao Tsé-tung, o genocida de mais de 70 milhões de pessoas. E que, ainda por cima, tem merda na cabeça. Literalmente. 

Acham que exagero? Então vejam por si mesmos e me digam se não é verdade:


Então? O que acharam? Que grande "pensador", heim?

Esperem, tem mais! Sabem quem o cara considera um herói da "democracia real"?... Julian Assange! Isso mesmo, o amigo de Putin, do Hezbollah e de Rafael Correa!

Antigamente, se alguém se dizia a favor da liberdade de expressão e se refugiava na embaixada de um país cujo governo censura jornais, seria chamado de hipócrita e demagogo. Se fosse amigo de ditadores e terroristas, então, seria execrado como um farsante. Hoje em dia, porém, esse mesmo sujeito é louvado como herói por uma legião de idiotas.

Quanto à "desorientação ideológica" e "banalidade teórica" que o aprendiz de Apedeuta diz ter encontrado em meu blog, convido os leitores a lerem meus textos e a fazerem, eles mesmos, seu julgamento. Os arquivos do blog estão aí à disposição para quem quiser ver. Convidei meu injuriador a fazer o mesmo, mas pelo visto ele deve estar muito ocupado analisando hermeneuticamente a profundíssima teoria pop-slavojzizekiana dos mictórios...

E nem falo da "pobreza estilística": se tem uma coisa que jamais vou escrever, é "mulçumano" e "a tantos anos atrás"...

É ou não é um verdadeiro esteta da linguagem?

O mais engraçado é que, antes da agressão gratuita que ele fez a meu blog, jamais fiz qualquer menção ao estilo untuoso, tipo Gabriel Chalita, dos textos de auto-ajuda marxistóide do autoproclamado "filósofo" (na verdade, um "poser"). Tampouco fiz qualquer insinuação sobre sua sanidade mental, como ele fez a meu respeito. E, ao contrário dele, posso PROVAR o que digo. É só ele pedir.   

Sempre achei que esquerdismo aguado e maconha, somados à falta de coragem, não podem dar bom resultado. Ao que parece, os fatos me dão razão. 

É, amigo velho (parafraseando o "filósofo"), parece que a inteligência humana ficou mesmo pelo caminho...

quinta-feira, fevereiro 07, 2013

POR UM MUNDO MENOS BOIOLA*

Certa vez, quando eu tinha uns dez ou onze anos de idade, fui desafiado para uma briga por um menino mais velho e mais forte do que eu. Nem lembro direito o motivo (inveja? medição de forças? uma namoradinha?), só sei que, um belo dia, no intervalo da aula, o moleque, um valentão, do nada me empurrou pelas costas e começou a me provocar e a me xingar. Lembro que, atônito, na hora fiquei com muita raiva, atiçada pelos gritos e urros dos outros meninos, ansiosos para verem correr sangue. Tive muita vontade de reagir às humilhações e, furioso como estava, acho que não seria difícil arrebentar a cara do atrevido. Mesmo assim, e a muito custo, consegui me segurar. Não revidei. Engoli os desaforos e deixei passar.

Durante vários dias fiquei remoendo aquela situação. Não me perdoei por não ter reagido e avançado contra o pequeno troglodita que me empurrava e insultava tão descaradamente, fazendo pose de machão (hoje se chamaria a isso de “bullying”). Com um travo na garganta, as pernas trêmulas de raiva, acho que fiquei uma semana sem ousar olhar-me no espelho, tampouco encarava as outras pessoas, tomado de imensa vergonha de mim mesmo. Não por receio do que os outros coleguinhas iriam pensar de mim – até porque ele era maior do que eu, e já naquela tenra idade eu não dava muita bola para o que os outros pensavam a meu respeito –, mas, principalmente, por minha própria consciência, por uma voz interior que me impelia a defender minha honra e meu orgulho feridos, e que não cessava de sussurrar: “cagão, cagão…”. Senti-me um maricas, um verme, um nada, um frouxo, um covarde.

Hoje, quase três décadas depois, eu me arrependo de não ter reagido à altura. Perdi, agora vejo com clareza, uma ótima chance de vivenciar uma experiência formadora de caráter, extremamente pedagógica. Sei que hoje é fácil dizer, mas eu deveria ter topado a parada. Mesmo correndo o sério risco de levar uma surra – provavelmente eu chegaria em casa com um olho roxo e alguns hematomas –, percebo que a decisão acertada teria sido a de atracar-me com meu agressor, responder suas ofensas e xingamentos com um bom murro na boca ou no estômago. Não porque eu fosse um brigão (pelo contrário, eu era até bem-comportado), mas por uma questão de respeito, ou melhor, de auto-respeito. Compreendo que o que me incomodou não foi o desafio em si, mas o fato de eu ter desistido da luta. Cercado como estava, acuado contra um muro, eu deveria ter enfrentado a provocação, e não fugido dela. Apanhando ou não, o importante é que eu teria mostrado coragem, pois eu poderia dizer que, na hora do perigo, não arreguei, não me acovardei e não fugi da raia. O fato de meu desafiante ser maior e mais robusto somente aumentaria meu mérito. (E antes que digam: não, não estou fazendo "apologia da violência", não me obriguem a apertar a tecla SAP, por favor...)

Recordo esse fato, há muito enterrado no fundo do baú de memórias de minha infância, porque verifico, com pesar, que os tempos mudaram. Há alguns dias, um rapaz que se apresenta como filósofo me fez uma série de insultos gratuitos no Facebook, visando a atingir minha honra pessoal. Omito aqui o nome do personagem, por razões humanitárias e também para não lhe dar a satisfação de achar que tem alguma importância. O que importa não é o sujeito, mas a atitude, ou a falta de atitude, dele. Muito bem. Reagi imediatemente à cafajestada, e exigi provas do que ele dissera a meu respeito ou, então, que se retratasse – o mínimo, creio, que se espera de alguém com alguma honestidade e vergonha na cara. De forma nada surprendente para mim, porém, o dito-cujo recusou o desafio, fugindo da raia. Para justificar sua tibieza, disse que não aceitaria se envolver num “UFC virtual” (como se a coisa toda fosse uma demonstração pueril de “macheza” ou uma disputa pelo tamanho do pênis). Não contente, ainda me lançou mais impropérios, negando-se novamente a apresentar qualquer prova, e saiu correndo. Fugiu da briga, como eu fiz na escola vinte e poucos anos atrás (pior: nesse caso, foi ele o provocador).

No começo até achei graça da situação, e dei boas risadas da falta de coragem do rapaz (ele deve achar que eu sinto "ódio" dele, como se um sentimento tão precioso devesse ser desperdiçado com esse tipo de bocó...). Mas depois percebi que, por trás de todo aquele ridículo, esconde-se algo bem mais sinistro. Não foi exatamente a postura galinácea, de lebre assustada, o que me surpreendeu – eu já esperava que ele agisse dessa maneira –, mas que tal postura seja vista por muita gente hoje não como o que é – leviandade e covardia moral –, e sim como prova de inteligência, até mesmo de superioridade. Ao contrário de mim, o sujeito que me insultou não sente nenhuma vergonha por ter fugido da luta. Pelo contrário: ele xinga e ofende, nega-se a assumir o que diz e ainda há quem veja isso com bons olhos. Mais: ele mesmo, provavelmente, deve achar que se saiu vencedor... Porque encarou o desafio e fez picadinho dos argumentos do oponente? Não: porque jogou lama nele e saiu correndo como um preá!

Só posso concluir, do que está acima, o seguinte: vivemos uma época realmente efeminada, em que coragem e hombridade não significam mais nada. Pelo contrário, deixaram de ser vistas como virtudes, enquanto a pusilanimidade, a covardia e a sonsice passaram a ser valorizadas e louvadas. O simples debate de idéias, a discussão franca e honesta – ou, pelo menos, o simples assumir o que se diz –, parecem ter dado lugar à tergiversação e à canalhice mais abjeta. Pior: com o manto da "inteligência" (!). Verdadeira prova de desvirilização da sociedade, esse tipo de atitude desonesta, que nada mais é do que uma pose, é cada vez mais frequente, potencializada pelas redes sociais.

Tivesse meu adversário virtual aceito o desafio de apontar onde, quando e como eu demonstrei o que ele disse que eu demonstrei, eu não teria problema algum em admitir a superioridade de seus argumentos e louvar sua honestidade intelectual. Tivesse ele, pelo menos, reconhecido que errou e pedido desculpas, eu teria enaltecido sua grandeza em fazê-lo. Mas, em vez disso, ele preferiu agir não como um homem, mas como um rato. Perdeu assim totalmente a dignidade e o pouco de respeito que eu ainda tinha por sua pessoa (o respeito intelectual por ele eu já tinha perdido há tempos; desde, pelo menos, que ele excluiu comentários meus de seu site, por causa de uma palavra de que não gostou – além de tudo, o rapaz é muito sensível...).

Em todas as culturas, desde os gregos antigos, a coragem pessoal, a bravura, constitui uma virtude cantada em verso e prosa. Não somente a coragem física, a coragem no campo de batalha, mas sobretudo a coragem moral. O filósofo Sócrates, ao enfrentar com altivez seus acusadores na Atenas de 399 a.C., preferindo a morte a ter de abjurar suas idéias, talvez seja o maior exemplo dessa virtude de caráter. Era isso o que os romanos chamavam virilitas (virilidade), cuja raiz etimológica é a mesma de virtus (virtude); por sua vez, a palavra grega para coragem, ándria, é a mesma para "homem" (no sentido sexual e também de hombridade, honra). Não deixa de ser irônico, portanto, que um auto-proclamado “filósofo” revele tanto desprezo por essa qualidade,  mais do que masculina, humana. No Brasil, não é comum o debate, nem alguém assumir o que disse ou fez. Para isso, seria preciso, além do que está aí em cima, uma cultura democrática, algo que falta em nossa formação.  

Quando vejo quem me injuriou fugir tão covardemente do debate e fechar-se em copas, bem como um ex-presidente da República esconder-se há mais de dois meses de perguntas incômodas sobre as relações pouco republicanas de uma "amiga íntima" com o poder, é inevitável chegar à conclusão de que algo de muito errado está acontecendo. Somente o mau-caratismo e a safadeza não são suficientes para explicar esse fenômeno. Deve haver algum distúrbio, digamos, físico, na raiz do problema. Quem sabe falta de testosterona. Só isso para explicar tanta boiolice.

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* Se o leitor se incomodou com os termos "boiola" e "boiolice", acreditando tratar-se de uma ofensa de natureza sexual, talvez lhe interesse ler o seguinte texto: http://gustavo-livrexpressao.blogspot.gr/2011/05/chega-de-boiolice.html